Uma nova publicação sobre a transportadora aérea portuguesa (TAP), no Facebook, parece garantir que o governo português chefiado por António Costa “obrigou o aeroporto a vender toda a bagagem perdida por dois euros”. Trata-se, novamente, e tal como desmentido pelo Observador no passado mês de dezembro, de uma publicação falsa.

A publicação em si, além do anúncio alarmante sobre a suposta medida do governo português — uma inovação face a publicações anteriores —, não partilha nada mais. Nem uma notícia, fonte credível ou site oficial que confirme o que é dito. Contudo, é partilhada uma fotografia de um suposto armazém com várias bagagens e com um letreiro que diz: “Bagagem perdida, 2 euros”.

Mais uma vez, e tal como já tinha feito no fact check anterior de dezembro do ano passado, a ANA, entidade responsável por gerir estas estruturas no país, negou qualquer envolvimento ou pressão do governo na venda de bagagens no aeroporto de Lisboa.

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Nesta nova publicação, e confirmando que já não é a primeira vez que estas informações aparecem na internet, a ANA remete o Observador para uma publicação sua de Instagram. “Encontram-se em circulação página fraudulenta no Facebook com uma publicação falsa em nome do Aeroporto de Lisboa. A situação já foi denunciada. A ANA já apresentou queixa-crime. A ANA alerta para esta fraude que tem em vista a obtenção ilícita de dados bancários e solicita a sua denúncia”.

Publicação de Instagram do Aeroporto de Lisboa confirma que o conteúdo da publicação viral é falsa.

Se se consultar a página de Facebook onde surgiu esta publicação, que conta com apenas 278 gostos e 1,8 mil seguidores, percebe-se rapidamente que não estamos nem na página da TAP nem na página do Aeroporto de Lisboa. Na apresentação lê-se o seguinte: “Reparação de Eletrónica e Ciência”. O email que consta desta página, que partilhou um número de telefone estrangeiro, também não consta na página oficial de qualquer uma destas instituições oficiais de aviação nacional.

Não é conhecida nenhuma comunicação oficial do governo de António, agora em gestão depois da demissão do primeiro-ministro e de o Parlamento ter sido dissolvido, onde conste a decisão de obrigar um qualquer aeroporto português de vender a sua bagagem perdida.

Conclusão

Não é verdade que o governo português tenha obrigado o aeroporto de Lisboa a vender a sua bagagem perdida. A ANA, responsável por gerir este tipo de estruturas no país, reitera ser falso que este tipo de ação esteja a acontecer. Também não é conhecida qualquer comunicação da parte do governo português, que está em gestão num cenário onde o Parlamento foi dissolvido, com uma decisão tão controversa como aquela que foi divulgada falsamente pela publicação original de Facebook.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

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