No mínimo, estranho: “Uma mala com artigos perdidos de clientes do aeroporto em Portugal por apenas 2 euros.” O autor de uma publicação do passado dia 40 de novembro alega que o Aeroporto de Lisboa — diz primeiro Portugal, mas logo passa para a capital — “não tem um local para guardar bagagens perdidas” e, por isso, está a vender lotes desses mesmos objetos por dois euros. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral alega que o aeroporto de Lisboa está a vender malas com artigos perdidos a 2 euros. É falso.

Olhando para a publicação em si, além da fotografia cheia de malas e de um letreiro com a indicação do preço e da referência ao Aeroporto Humberto Delgado (“Lisbon Airport”), mais nenhuma informação foi partilhada pelo autor.

A verdade é que já não é a primeira vez que esta imagem surgiu nas redes sociais e, para isso, basta usar ferramentas de identificação de imagens como a Google Images para se perceber as “múltiplas vidas” desta publicação. A imagem já chegou inclusivamente a ser desmentida por outros jornais internacionais como o Herald da Nova Zelândia.

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Nesse caso, a imagem era em quase tudo igual à que analisamos neste fact check: dezenas de malas empilhadas numa divisão, algumas embrulhadas no plástico que muitos passageiros usam para proteger a estrutura e/ou o tecido da mala, etiquetas de companhias aéreas nas pegas e, quase ao centro da fotografia, o tal cartaz amarelo. A única diferença está aí: se no caso amarelo a referência que se pode ler na placa é ao Aeroporto de Lisboa, em inglês, e a “bagagem perdida” podia ser adquirida por 2 euros, na publicação analisada pelo jornal neozelandês faz-se referência ao aeroporto de Auckland e aos 3 dólares neozelandeses que custaria cada peça dada como “perdida”.

Naquele caso, confirmou o Herald, tratava-se de um esquema de fraude.

Noutro aeroporto, neste caso em Dublin, na Irlanda, outra publicação semelhante também foi igualmente desmentida.

Quanto ao Aeroporto de Lisboa, a ANA, entidade responsável por gerir estas estruturas no país, negou ao Observador que tal acção esteja a decorrer. “Totalmente falso”, garantiu a ANA.

É também importante dizer que o autor na publicação também indicia um ato de fraude ao dizer: “Clique no botão do anúncio e aceda ao sítio Web!” Fraude essa que foi reconhecida pela ANA. “Encontra-se em circulação uma publicação fraudulenta em nome da ANA-Aeroportos de Portugal que promove a venda de bagagens perdidas. Esta situação foi denunciada ao Facebook e sobre a qual a ANA já se encontra a agir judicialmente. A ANA alerta para esta fraude que pretende obter dados bancários e solicita a sua denúncia”, alegou a ANA.

Conclusão

Não é verdade que estejam a ser vendidas malas de viagem, por dois euros, dadas como artigos perdidos no Aeroporto de Lisboa. A ANA, empresa que faz a gestão do aeroporto de Lisboa, negou que esta ação esteja ocorrer e já está a agir judicialmente contra os autores da publicação, que acusa de estarem a praticar “fraude”. Já não é a primeira vez que surge este tipo de publicações nas redes sociais, chegando mesmo a aparecer noutros países como a Irlanda e a Nova Zelândia. Ambas foram devidamente desmentidas.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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