Uma publicação datada de 3 de dezembro, no Facebook, denuncia o aumento significativo da taxa de pobreza nos últimos oito anos em Portugal, período em que o Governo socialista, liderado por António Costa, esteve em funções. A subida percentual é indicada na casa dos “17%” e aponta-se uma tendência crescente para este indicador social em 2023.

Não é indicada qualquer fonte para a informação divulgada, mas a data do post revela uma pista. Poucos dias antes, a 27 de novembro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que o número de pessoas em risco de pobreza aumentou para 17% em 2022. Coisa diferente de o indicador ter registado um “aumento de 17%”, como assegura o autor do post, o que torna a informação falsa.

Em 2021, a taxa referida situava-se nos 16,4%, ou seja, o aumento homólogo ficou pelos 0,6%. Os dados constam do mais recente Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos, realizado anualmente e analisado pelo INE.

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Recuando oito anos, em 2015, a taxa de risco de pobreza após transferências sociais correspondia a 19% da população portuguesa. Ou seja, em termos absolutos, “ao fim de oito anos de governo socialista”, como enquadra o post, a taxa de risco de pobreza diminuiu dois pontos percentuais, de 19% em 2015 para 17% em 2022.

Desde 2015 — ano seguinte à partida da troika de Portugal — até 2019, a tendência do indicador que identifica a percentagem de pessoas consideradas pobres foi sempre decrescente, chegando a um mínimo de 16,2%. Em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 afetou vários setores da economia, tais como a aviação, restauração e hotelaria, a taxa de risco de pobreza aumentou para 18,4%. Um ano depois, em 2021, a percentagem voltou a descer, para 16,4%, e em 2022 voltou a aumentar para o dado mais recente — os 17% divulgados em finais de novembro do ano passado.

Segundo o INE, a pobreza aumentou em todos os grupos etários e afetou “mais significativamente” as mulheres. Tendo em conta que em 2022 a população portuguesa se contabilizava em 10.444,2 pessoas, significa que quase 1.775.514 foram consideradas como estando em situação de pobreza.

Número de pessoas em risco de pobreza aumenta para 17% em 2022

Já a taxa de risco de pobreza para a população empregada diminuiu de 10,3% em 2021 para 10% em 2022, mas aumentou para a população desempregada, de 43,4% para 46,4%. As transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, contribuíram para a redução do risco de pobreza em 4,2%.

Conclusão

Em suma, é falso que, como se indica no Facebook, depois de oito anos de governo socialista, se tenha verificado um aumento de 17% na taxa de pobreza em Portugal. Pelo contrário, em termos absolutos, de 2015 para 2021, o indicador diminuiu em dois pontos percentuais, de 19% para 17%.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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