No início de um novo ano é justo e mais do que merecido prestar homenagem aos chamados jornalistas, analistas e especialistas da política portuguesa e internacional, que nunca perderam o foco na guerra entre a Ucrânia e a Rússia, em nome da defesa do Ocidente, isto é, dos chamados “valores ocidentais”, pelo contrário, demonstraram sempre uma total independência de qualquer canal privilegiado alinhado com o reino do “bem e do mal”, baseando as suas escolhas, análises e interpretações críticas ponderadas e, portanto, absolutamente justas e não maniqueístas (como exige a doutrina humanitária), apenas na realidade nua e crua encontrada no terreno. Não como trolls e fanfarrões ideologizados na modalidade geopolítica. Pessoas inúteis.

A falência do Estado russo

“A falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo” (Von der Leyen, 17-04-2022).

“Rússia entra em incumprimento. É o primeiro “default” em cem anos” (Negócios, 27-06-2022).

“A Rússia entrou em default” (ECO, 27-06-2022).

“A Rússia a caminho do incumprimento” (RTP, 11-03-2022).

“O rublo de Putin nem vale um cêntimo” (João Carlos Barradas, Sábado, 15-08-2023).

“Há sanções que estão a bater forte nos próprios russos” (José Milhazes, SIC Notícias, 21-03-2022).

“As sanções terão um efeito devastador na economia e poder russos” (Negócios, 04-06-2022).

“Há a possibilidade de a Rússia se desintegrar como Estado” (José Milhazes, Visão, 22-10-2022).

“A Rússia poderá continuar a combater apenas pelos “próximos meses” (Expresso, 27/06/2022).

“A Rússia está a ficar sem munições. E certamente sem amigos” (Renascença, 11-10-2022.

“A Rússia está cada vez mais isolada (Público, 01-03-2022).

Putin está a morrer

“Putin enlouqueceu, ainda lhe resta um ano ou talvez três” (CNN Portugal, 05-04-2023).

“Putin sofre de cancro terminal e não lhe resta muito tempo de vida” (Público, 04-01-2023).

“O braço Putin não balança (CNN Portugal, 24-11-2022).

“Putin submetido a tratamento para cancro avançado em abril” (Observador, 02-06-2022).

“Putin padece de cancro, demência, doença de Parkinson” (Correio da Manhã, 14-03-2022).

“Putin? Não se sabe se está vivo ou se é ele que toma as decisões” (Zelensky, Observador, 19-01-2023).

“Há insatisfação e o rumor de um substituto a Vladimir Putin” (Nuno Rogeiro, SIC Notícias, 21-03-2022).

“Putin está a usar duplos” (major-general João Vieira Borges, Observador, 26-04-2023).

A derrota Russa

“A Rússia já perdeu esta guerra” (Josep Borrel, 11-05-2023).

“É evidente que a guerra tem estado a ser perdida pela Rússia (António Costa, in Conferência sobre o Futuro da Europa, 09-05-2022).

“Putin está a perder o controlo”(Renascença, 04-09-2023).

“Rússia está num “beco sem saída” (Miguel Albuquerque, SIC Notícias, 24-02-2023).

“Se Putin usa a bomba atómica é porque perdeu” (Visão, 26.02-2023).

“O poder de Putin pode ter os dias contados” (CNN, Portugal, 31-05-2023).

“Putin precisa dramaticamente de vitórias” (Paulo Portas, CNN Portugal, 26-06-2023).

“O presidente russo foi encurralado pela NATO” (major-general Raul Cunha, SIC Notícias, 24-02-2022).

“A Rússia não tem capacidade militar para uma ação prolongada na Ucrânia” (Carlos Branco, Observador, 07-03-2022).

“A Rússia só tem stock para mais 3 bombardeamentos” (Observador, 22-11-2022).

“Forças russas só têm munições, combustível e alimentos para três dias (Público, 22-03-2022).

“A Federação Russa está com falta de munições e as que tem estão a ser racionadas” (Isidro de Morais Pereira, CNN Portugal, 05-05-2023).

“Todos se espantaram com a fuga dos russos” (CNN Portugal ,14-09-2022).

“Os russos estão a fugir à pressa” (CNN Portugal, 11-09-2022).

“A Ucrânia está a demonstrar capacidade de ação na Rússia (…) atingindo a Rússia onde lhe dói mais: em Moscovo” (Seixas da Costa, Negócios, 01-06-2023).

“Há um sinal de enfraquecimento da liderança russa” (António Costa, Observador, 30-06-2023).

“O impasse representa por si só uma derrota da Rússia” (SIC Notícias, 27-02-2023).

Cerco de Bakhmut

“Em Bakhmut está a “chave para o Donbass” (Expresso, 30-12-2022).

“Não podemos desistir de Bakhmut, é a nossa fortaleza” (Zelensky, SIC Notícias, 24-04-2024).

“Contra-ataque ucraniano em Bakhmut foi bem-sucedido” (Vítor Viana, CNN Portugal, 12-05-2023).

“Fuga de brigada russa de Bakhmut” (Diário de Notícias, 10-05-2023).

“Kiev avança em Bakhmut. Em pouco mais de 24 horas foram reconquistados perto de dois quilómetros” (RTP, 12-05-2023).

“A situação militar em Bakhmut tem se complicado para as forças russas” (Germano Almeida, SIC Notícias, 15-05-2023).

“Bakhmut não está cercada nem a cair” (General Carlos Branco, CNN Portugal, 18-10-2023).

“Bakhmut pode cair nas mãos dos russos, mas isso pode fazer parte da estratégia da Ucrânia” (Expresso, 09-03-2023).

“O avanço russo não é tão significativo para a Ucrânia” (Germano Almeida, SIC Notícias, 30-03-2023).

“Bakhmut poderá cair nos próximos dias para os russos” (Jens Stoltenberg, Observador, 08-03-2023).

“Bakhmut caiu nas mãos dos russos” (Público, 08-03-2023).

“Bakhmut está agora apenas nos corações dos ucranianos, já não há lá nada” (Zelensky, Expresso, 21-05-2023).

O golpe de Estado

“Putin cada vez mais fraco” (José Milhazes, SIC Notícias, 10-06-2023).

“O Estado da Rússia esteve pertíssimo de uma guerra civil” (Ana Sá Lopes, Público, 24-06-2023).

“A queda do czar Vladimir II”, José Milhazes, Expresso, 26-06-2023).

“A sobrevivência do Kremlin pode agora ter de passar por uma vitória rápida na Ucrânia (Diana Soller, Jornal Económico, 26-06-2023).

“A Rússia está cada vez mais fraca (Renascença, 27-06-2023).

“O poder de Putin está a desmoronar-se” (CNN Portugal, 03-07-2023).

“Morte de Prigozhin não é favorável para Putin (José Milhazes, SIC Notícias, 24-08-2023).

A contraofensiva da Primavera

“A Ucrânia prepara-se para contra-atacar a Rússia” (CNN Portugal, 07-04-2023).

“ Contraofensiva ucraniana está iminente e os russos estão nervosos” (José Milhazes, SIC Notícias, 28-04-2023).

“Para a Ucrânia, o segredo é a alma da contra-ofensiva” (Público 05-06-2023).

“Contraofensiva vai ser longa, com diferentes fases e resultados por vezes contraditórios” (Germano Almeida, SIC Notícias, 20-06-2023).

“Estamos na fase do tudo ou nada” (major-general Agostinho Costa, CNN Portugal, 04-09-2023).

“O sucesso da contraofensiva da Ucrânia é crucial para a segurança europeia” (CNN Portugal, 20-09-2023).

“Contraofensiva ucraniana atrasou mas já regista avanços “significativos” (Germano Almeida, SIC Notícias, 13-06- 2023).

“Na Ucrânia, o exército avança na região de Kherson (SIC Noticias 23-04-2023).

“As forças ucranianas cruzaram com sucesso o rio Dnipro (SIC Notícias, 16-11-2023).

“Os ucranianos começam a penetrar mais em profundidade o dispositivo defensivo russo”(Rui Cardoso, SIC Notícias, 31-07-2023).

“A ofensiva ucraniana está finalmente a dar alguns resultados” (Isidro Morais Pereira CNN Portugal, 28-08-2023).

“Os ucranianos têm recuperado territórios “à velocidade da luz” (Visão, 11-09-2022).

“Tropas ucranianas avançam 100 metros por dia” (Jens Stoltenberg, Observador, 08-09-2023).

“A Ucrânia já reconquistou sete aldeias (Diário de Notícias, 12-06-2023).

“A contraofensiva tem sido brutal e lenta. Mas a Ucrânia ainda tem muitas cartas para jogar” (CNN Portugal, 22-06-2023).

“Contraofensiva interrompida temporariamente” (Público, 19-06-2023).

“A contraofensiva ucraniana falhou (Carlos Branco, Jornal Económico, 23-09-2023).

“Ineficácia da contraofensiva de Kiev é culpa da NATO” (CNN Portugal, 23-10-2023).

“Penso que uma solução pode ser a Ucrânia ceder território e receber em troca a adesão à NATO” (Stian Jenssen, SIC Notícias, 16-08-2023).

“O plano de paz Zelensky nunca passará por aceitação de cedência de território” (Germano Almeida, SIC Notícias, 16-01-2023).

“Ucrânia está a ser empurrada para fazer a paz a qualquer preço” (José Filipe Pinto, CNN Portugal, 11-11-2023).

“Estados Unidos e aliados reuniram-se em segredo com Ucrânia para discutir plano de paz” (CNN Portugal, 09-01-2024).

O corolário da contraofensiva da Primavera, segundo o Washington Post, Economist, e o New York Times: em nove meses de confrontos sangrentos, os russos na defensiva mantiveram o controlo de quase 20% do território, mais a Crimeia, enquanto a Ucrânia na ofensiva reconquistou 0,02% do território ucraniano controlado pelos russos. Tudo isto ao preço de 250 mil milhões de dólares entre fundos e armas fornecidos pelos EUA, UE e Reino Unido; e sobretudo cem mil vítimas ucranianas entre mortos e mutilados desde o início de 2022, além da carnificina nas duas frentes no primeiro ano de guerra e dos cerca de 10 milhões de refugiados numa população de cerca de 45 milhões. A Ucrânia precisa de 820 mil milhões de dólares a 1 bilião de dólares para se reconstruir. Entretanto, como estão todos empenhados em prolongar a destruição enquanto esperam sabe-se lá o quê, ninguém sabe quanto irá custar a transformação da Ucrânia num grande cemitério para testar a resiliência da Rússia ou, de qualquer modo, um armistício que deixa Kiev em piores condições do que estava no início do conflito. Uma grande vitória para os guardiões do Ocidente, para o destino da Europa e sobretudo para os meios de comunicação social portugueses.

Já posso imaginar o dia em que a guerra termine com um compromisso honroso entre as partes, todos os especialistas supra citados cantarão em uníssono louvores ao triunfo da paz, objectivo no qual têm trabalhado secretamente com uma determinação inabalável.

E o único fomentador da guerra — como Hiroo Onoda, o soldado japonês que trinta anos depois perguntou em que fase estava a Segunda Guerra Mundial — será Zelensky, reduzido a pequenas notas de rodapé quando não ridicularizado, em particular pelos que o iludiram, armando-o e financiando-o até à inevitável vitória final (contra a Rússia e as suas sete mil ogivas nucleares).

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