Digo-o sem vergonha nem medo. Ao fim de onze meses de pandemia, tudo o que o Primeiro-Ministro teve para nos mostrar foi a sua incompetência para o lugar que ocupa, em tempos tão conturbados e desafiantes.

A tendência, tipicamente portuguesa, tem sido a de desculpar as falhas e erros crassos com as justificações da mediocridade nacional. Uma pandemia é um desafio para o qual ninguém está preparado. Temos que ser solidários e compreensivos com quem tem que enfrentar desafios tão complicados. Não é tempo para criticar. Tudo bons sentimentos, que, como está à vista de todos, nos trouxeram até onde estamos. O pior país no mundo em percentagem de contágios e o SNS a entrar em colapso.

Desde a primeira hora, António Costa assumiu o comando das operações e a coordenação do seu Governo gigante, supostamente todo empenhado em enfrentar a crise. Desde a primeira hora que os erros se mostraram evidentes.

A um líder político pede-se que seja mais capaz do que o comum dos mortais para enfrentar momentos difíceis. Se não fosse assim não lhe entregávamos a possibilidade de dirigir os nossos destinos. Esta é a verdadeira política e é diante de dificuldades que se prova quem é um bom político. António Costa não é, ao contrário do que muito se propagou durante o tempo em que viveu à custa dos louros que o Governo de Passos Coelho lhe entregou de bandeja. Agora que deixámos de viver em ficção é que é tempo de provar o “melão”, e o ”melão” está manifestamente estragado.

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Tempos difíceis, tiveram-nos muitos líderes políticos no passado. Muitos ficaram na história, porque se revelaram homens providenciais e talhados para as funções que ocupavam. Churchill, Gorbatchov, Thatcher, Ronald Reagan, Merkel, são alguns exemplos que ficaram para a história.

Por cá também tivemos bons líderes no passado e na nossa história recente. Exemplos de homens que souberam estar à altura de desafios difíceis. Concorde-se ou não com as opções que tomaram, tiveram a coragem de assumir decisões difíceis e de dar a cara por elas. Tiveram consciência que, mais do que líderes de partidos políticos, eram, em primeiro lugar, chefes do Governo de todos os Portugueses. Tudo o que António Costa tem sido incapaz de fazer.

Mário Soares, em 1983, na primeira bancarrota pós-25 de Abril, não hesitou em proclamar a célebre frase que se colou à sua biografia: “Agora temos que pôr o socialismo na gaveta.” Bateu à porta do outro partido liderante na sociedade portuguesa e, com um polémico Governo de bloco central, conseguiu recuperar o país. Pagou um alto preço e perdeu as eleições seguintes. Mas fez o que tinha que ser feito e o país nunca mais o esqueceu.

Passos Coelho foi praticamente proscrito da política portuguesa. Liderou um Governo em que tudo o que teve de fazer para nos trazer de volta à vida foi, manifestamente, impopular. Mas assumiu na primeira pessoa as decisões difíceis e recuperou o país. Tenho a sensação que o país também não vai esquecê-lo.

António Costa anda desde Março de 2020 a encanar a perna à rã e à espera que aconteçam milagres nos quais aliás, como não crente, não devia acreditar. Nunca falou duro e sério aos Portugueses. Nunca quis assumir as decisões difíceis. Deixou e deixa que os seus ministros se descredibilizem e descredibilizem o Governo num momento difícil como este.

É o Primeiro-Ministro que alimenta a fantochada ideológica da sua patética Ministra da Saúde, que continua até ao dia de hoje a preferir manter a sua narrativa de que o sector privado da saúde é malvado e insiste na narrativa da requisição civil, quando os hospitais privados têm, há muito, dezenas de camas e unidades preparadas para ajudar no combate sem tréguas que o sector da saúde atravessa e não, não estão a pedir pagamentos suplementares ao Estado.

É o Primeiro-Ministro que dá cobertura ao seu amigalhaço, Ministro da Administração Interna, que este fim-de-semana deu, mais uma vez, prova da sua incapacidade na organização de um processo eleitoral antecipado onde tudo correu mal.

E a cereja em cima do bolo é a famosa comunicação ao longo de todo este processo. Os socialistas, que são supostamente os mestres da comunicação, têm sido nesta matéria completamente desastrosos. O Governo gasta milhares de euros do erário público com profissionais da comunicação. Tendo em conta o que temos visto, temo bem que os ditos tenham assumido que o teletrabalho em que estão desde Março seja, afinal, o zerotrabalho, remunerado na íntegra.

As anedóticas conferências de imprensa da Direcção-Geral da Saúde são incompreensíveis, tanto tempo passado e tanto erro cometido.

As trágicas conferências de imprensa do Primeiro-Ministro são ofensivas. Afinal, o habilidoso António Costa não se consegue fazer explicar nem obedecer. Diz, mas não diz. Proíbe, mas não proíbe. Confina, mas não confina. E no fim lava as mãos como Pilatos e diz que a responsabilidade é nossa.

A medalha de ouro da incompetência é o flop da aplicação StayAway Covid, que devia ficar-lhe pregada na banda do casaco. Sessenta por cento das pessoas que a instalaram já a desinstalaram, porque parece que a aplicação preferiu manter-se stayaway dos que nela tinham acreditado para se manterem informados sobre contactos potenciadores de contágio.

Em resumo, quem não tem competência não se estabelece e António Costa já podia ir andando. É certo que o Presidente da República não pode fazer nada agora. Mas a oposição podia deixar-se de mezinhas e responsabilizar o chefe do Governo pela sua incapacidade. E para quem pergunta, mas então qual é a alternativa? Eu diria que o presente exemplo nos prova que o melão só se conhece depois de aberto. Este que temos, manifestamente não presta. Quem sabe se não há por aí um que esteja bom?