Começo por dizer, relativamente aos candidatos à liderança do CDS que, até agora, tornaram patente a sua candidatura que tenho consideração e estima pessoal por todos eles. No caso do Francisco Rodrigues dos Santos, une-nos uma recente mas sincera amizade, proporcionada pelo facto de o Francisco ter sido candidato às últimas eleições legislativas pelo Distrito do Porto. Quanto ao João Almeida, sempre apreciei a sua frontalidade e a clareza das ideias. Tanto o Abel Matos Santos como o Carlos Meira, não os conhecendo bem, foram sempre cordiais comigo.

O que aqui escrevo é, pois, um exercício de natureza exclusivamente política, em torno dos motivos que me levam a apoiar um dos candidatos em detrimento dos outros, argumentos que agrupo em razões programáticas, razões políticas e razões pessoais. É também uma posição que assumo a título pessoal e não enquanto presidente da Comissão Política Concelhia do Porto do CDS.

Começando pelas programáticas. Temos de fazer um processo de reflexão consistente sobre o que se passou. O CDS precisa de se refundar e de se pacificar internamente. Precisa de se organizar enquanto partido, adoptando um modelo diferente do existente, mas precisa também de um líder que saiba ouvir os militantes, dialogante e criando uma relação forte com eles.

Depois, o partido precisa claramente de ter um líder agregador, que permita a coexistência das várias sensibilidades internas e a pluralidade de opiniões, de modo a que todos possamos conviver politicamente porque a diversidade é positiva num partido democrático como o nosso.

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Precisa de se abrir, de chamar gente nova, que se reveja neste projecto político, cujo espaço democrata-cristão (com tudo o que isso significa na minha perspectiva, como explico aqui) não é ocupado por outras propostas mais ou menos tentadoras que por aí andam (como diz o Miguel Alvim aqui). E isso só se consegue com um programa e um líder firme, credível, moderado, solto de amarras e com uma visão do futuro serena e coerente, para que possamos crescer politicamente de forma sustentável, para que possamos segurar os que ainda aqui estão e cativar aqueles que deixaram de acreditar no CDS.

E, para que o potencial eleitorado que temos de reconquistar se reveja nas nossas propostas, o CDS precisa de projecção externa que se apresente com novidade. O Filipe Lobo D’Avila fez parte da Juventude Centrista e ocupou cargos políticos e governativos, mas não tem holofotes há muito e isso é uma vantagem. As suas críticas a direcção que agora cessa funções que, em coerência, não deixou de fazer e das quais muitas vezes discordei, limitou-se a umas tantas discretas intervenções, na maioria das vezes nos órgãos internos do partido, como tive oportunidade de ir acompanhando.

O CDS tem de se apresentar como um partido que não cultiva o funcionalismo político e partidário, deve ter gente desprendida, independente da política e com espírito de serviço, que possa, no dia seguinte à cessação das suas funções políticas, regressar em liberdade a sua vida profissional. Precisa de autenticidade, de respeito pelas regras éticas e estatutárias, de ser exigente com os costumes e as práticas de militância, com as eleições internas para os seus órgãos, com as formas procedimentais de gestão dentro do partido, intolerante com irregularidades, descentralizado, com critérios objectivos e claros na escolha dos representantes que indica e, sendo um partido de quadros, tem de garantir a convicção dos seus militantes e a identificação com os valores do CDS. Isto basta para ser todo um programa.

Quanto às razões políticas, entendo que o CDS precisa de transmitir ideias claras e precisas quanto ao seu posicionamento doutrinário. Precisa de ter um plano coerente e forte para materializar uma mudança, que é afinal o regresso às raízes numa interpretação actualista dos seus princípios fundacionais. E precisa de saber comunicá-lo, de modo a apresentar-se aos militantes e ao eleitorado dando os sinais inequívocos sobre aquilo que é a sua proposta política concreta para o País e para a saída do regime socialista, dirigista, estatizante e asfixiante que vivemos.

O CDS liderou a oposição na passada legislatura e conseguiu marcar a agenda em certos temas. Todavia, tem de ter um projecto sistemático e unívoco para o País para apresentar ao seu eleitorado, respondendo com clareza e coerência a questões que sempre fizeram parte da sua matriz: sobre a Vida, sobre as relações entre o Estado e o sector privado, sobre a reforma do sistema político e eleitoral.

Além disso, as ideias e os percursos têm de ser amadurecidos. Ao pensarmos no futuro, nas políticas e nas soluções concretas que queremos defender, temos de reflectir com cautela sobre o que as opções significam para não cairmos nos mesmos erros que nos conduziram até aqui. Nesse aspecto, a moção que o Filipe Lobo D’Avila vai propor ao congresso é um caderno de encargos realista, mas firme, quanto à proposta que quer apresentar ao País. Um líder deve traçar um caminho, adoptar um discurso coerente, ouvindo todos, mas sem hesitar quanto às posições tomadas.

Acrescento ainda as razões pessoais. O Filipe Lobo D’Avila tem experiência profissional fora da política, experiência governativa e experiência de vida. Tem um perfil de bom senso, serenidade, realismo, moderação, humildade e sentido de serviço. E a sua personalidade representa, para mim, mudança sem radicalismos.

Não estamos em tempo de devaneios ou estados de alma, por muito animadoras e cativantes que nos possam parecer as outras propostas. Estarei, por isso, com quem oferece melhores garantias de tomar um rumo certo e de levar o partido ao ciclo de crescimento que todos ambicionamos, com um projecto mobilizador e agregador de direita moderada, moderna e consistente.

É importante saber o que nos une, ter esperança para voltar a acreditar, mas, acima de tudo, é importante que estejamos todos JUNTOS pelo FUTURO. Por isso, estarei com o Filipe Lobo D’Avila.