Em 2021 apresentei ao Orçamento Participativo de Lisboa algumas propostas. As duas que passaram à fase seguinte estão, de facto, relacionadas e são a #150 “Telhados Verdes” e a #41 “Passagem do Bairro dos Actores a uma Zona 30” que defendia uma intervenção abrangente naquele que é um dos bairros de Lisboa com maior densidade térmica e com menos espaços verdes, jardins e arvoredo. A proposta #150 “Telhados Verdes” visava intervir em edifícios públicos e privados tendo como objectivos a redução das facturas de energia eléctrica, a diminuição das emissões de gases de efeito de estufa, e um incremento geral da qualidade de vida.

O que defendia esta proposta no OP de Lisboa para 2021 é, na vertente da construção nova ou renovada por particulares, a alteração dos códigos municipais por forma a que estes edifícios tenham sempre coberturas (“telhados”) verdes. De igual forma, e com ainda maior abrangência, defende que sobre outras estruturas de mobiliário urbano (tais como paragens de autocarro, quiosques, postes de iluminação, etc) sejam construídos pequenos jardins com plantas de baixa manutenção e consumo de água.

Esta proposta promovia igualmente a criação de um plano abrangente de instalação deste tipo de telhados em edifícios que são património do município e de que, especialmente nestes últimos, fossem colocados nos telhados sistemas de geração de energias alternativas (painéis fotovoltaicos, painéis térmicos e aerogeradores) que aumentassem a autonomia energética dos edifícios e que, juntamente com sistemas de captação de águas pluviais, pudessem autonomizar a manutenção destas áreas verdes, manter pequenas hortas mantidas por habitantes ou trabalhadores dessas construções. Disto resultariam benefícios na redução de stress e da preservação de espécies (pássaros silvestres e abelhas), criando pequenos ecossistemas que além da contribuição visual para a riqueza da cidade, para a autonomia energética e alimentar, seriam também pequenos centros de lazer e locais activos de combate às “vagas de calor” que, todos os anos, causam a morte a centenas de lisboetas (a última grande vaga de calor foi em 2018 e provocou a morte a mais de 150 portugueses).

Acredito que os “telhados verdes” serão, de facto, barreiras térmicas para os habitantes e trabalhadores (que assim não terão que depender tanto do ar condicionado), que reduzirão significativamente a temperatura dos bairros em que se encontrarem inseridos, e que a sua adopção generalizada nos edifícios públicos pode servir de exemplo para os particulares, assim se criando uma cidade mais verde e sustentável.

Lamentavelmente nenhuma das propostas mereceu votos suficientes para ser aprovada e, actualmente, todo o processo do Orçamento Participativo de Lisboa encontra-se suspenso pelo que não será possível reapresentar estas propostas.

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