1Li com agradável surpresa que a média de cidadãos por médico preconizada pelas NU era de 1000:1. E que na Índia, em 2024/5 se chegará a essa relação.

Pode-se considerar um grande feito o aumento substancial do número de médicos formados num regime de seleção bem apertada. Aquela média não quer dizer que não haja grande concentração nas cidades e muito menor nas zonas rurais, que conviria corrigir com medidas adequadas.

Atualmente, a Índia tem 605 Colleges de Medicina, com um total de 91.000 estudantes, a entrar em cada ano, e mais de 55.600 a fazerem o seu curso de pós-graduação ou doutoramento.

É natural que além da criação de Colleges haja ainda muito para continuar a fazer no sentido de dar estágios hospitalares a todos os médicos jovens para o correto exercício da sua profissão, desde o momento da sua formatura.

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Vê-se nos países para onde os médicos emigram que eles atuam de uma maneira muito qualificada. Para além da sua qualidade pessoal, haverá também, como comentava um médico amigo, mais casos de um certo tipo clínico num hospital da Índia, por semana, do que em alguns meses na Europa, dada a sua rarefação demográfica.

2Não se compreende como o aumento do número de estudantes em Medicina não se tenha dado há mais tempo. É de todos muito conhecido que a Índia alimenta de médicos os EUA, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália, entre outros, com um elevado número de médicos.

A título ilustrativo, em 2019, havia cerca de 938.980 médicos no ativo nos EUA, com a fração dos médicos de origem e formação indiana, contando para  29,5% do total, o que representa 277.000 médicos indianos, nos EUA.

Em novembro de 2019, mais de 20.000 médicos de origem indiana estavam registados para trabalhar no Reino Unido e é provável que o número cresça, visto o NHS-National Health Service estar a procurar médicos do estrangeiro.

3Os países do Ocidente deveriam ter um certo pudor e procurar ser mais justos em não “roubar” pessoal qualificado da Índia, ou de outros países pobres, que já sofreram muito com a colonização. No mínimo eles deveriam contribuir para a formação Universitária, pagando, pelo menos o custo de formação dos especialistas “aliciados”.

Atrair médicos e profissionais qualificados dos países pobres é tarefa fácil e, até certo ponto, desejada pelos próprios. Contudo, convém lembrar as lamentáveis condições como a grande maioria das colónias foi tratada e “abandonada” na independência pelos colonizadores.

Como é que os países ricos não vêem que cada médico preparado para o exercício profissional que eles vêm buscar, é um ato de egoísmo, de pensar apenas nos seus interesses? Tirando certas exceções, em geral os países colonizadores foram oportunistas e aproveitaram-se das colonias, como foi na Índia. Deveriam pelo menos tentar custear as Universidades através do Governo do pais, donde vieram os especialistas, com o que lhes custaria formar um médico ou especialista no próprio país, tendo também em conta o tempo de espera que teria de decorrer para formar os seus candidatos, quantificando isso monetariamente.

4 Lia também com gosto que há atualmente 744 Alternative Medicine Colleges na Índia. O seu Diploma ou título não os faz equivalente ao MBBS, de um médico autorizado a praticar. Mas a Índia deveria ter forte exigência para elevar ainda mais a qualidade de tais cursos de Medicina Alternativa, para que a ela pudessem recorrer com segurança os que quisessem, em complemento com a medicina clássica.

Há muitos conhecimentos tácitos no campo da medicina alternativa e na ayurvédica, que seria importante codificar ou sistematizar, fazendo que todos os produtos indicados para cada tipo de necessidade fossem estudados na sua composição química, nos seus efeitos no organismo, etc. Assim, quem tivesse de os utilizar poderia fazê-lo com saber e convicção, entendendo um pouco de como eles atuam.

5Há um Ministério dedicado à Medicina Alternativa, às terapias de rejuvenescimento e ao yoga, na Índia, o que é, já por si, um notável avanço. Pois pode dar grande apoio e relevância, fomentando a investigação e a publicação de folhetos de divulgação das aplicações de cada produto, bem como os próprios trabalhos de investigação aplicada, quando importantes para o publico em geral.

Este setor de atividade deveria ser um catalisador do crescimento do turismo de rejuvenescimento e de relaxamento, onde as pessoas stressadas pudessem programar as suas estadas para recuperarem o seu equilíbrio e a juventude de espírito. Isso, em paralelo com o crescente turismo de saúde, no qual a Índia se está a afirmar com grande notoriedade.

Mumbai, 6 de Outubro de 2022

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