“Nada disto tem importância, matemática, proibição de viajar, fecho de escolas… se fizerem isto desacreditarão a saúde pública por uma geração e transformarão um vírus controlável numa catástrofe social.” — D.A Henderson (1928-2016), epidemiologista responsável pela erradicação da varíola.

No meu tempo de vida já assisti a todo o género de promoção de estratégia M.I.D. (Medo Incerteza e Dúvida) pelo poder e pelos media e creio que o primeiro foi a “Guerra Termonuclear Iminente”. Em 1981 assisti ao filme Day After que, por estranho que possa agora parecer, teve um impacto tremendo na cabeça das pessoas nessa altura, o medo era real. Recordo-me de em Sintra haver cartazes presos às árvores com um sol vermelho num fundo amarelo com os dizeres “Zona Livre de Armas Nucleares”. Na Alemanha havia manifestações em que o grito de ordem era “better red than dead”. Ainda antes da queda da URSS era a chuva ácida e o buraco na camada de ozono que nos ia queimar a todos e extinguir a espécie. A seguir foi a SIDA que nos condenaria à extinção. Um aperto de mão, um beijo, qualquer contacto era um potencial meio de transmissão do vírus e a morte certa. De seguida veio o Y2K um vírus informático que ia parar o mundo e romper com todas as utilities que fazem o nosso dia a dia, a electricidade, água, controlo aéreo, etc. Tudo. Tudo o que dependia de sistemas informáticos estava condenado a parar à meia noite de 31 de Dezembro de 1999. Depois o H1N1 ou gripe suína. Em seguida a gripe das aves. Pelo meio a doença das vacas loucas que levou ao abate de milhões de cabeças de gado e o omnipresente Aquecimento Global que faria desaparecer as neves do Kilimajaro e provocaria o fim dos glaciares e da neve nos Alpes antes de 2013.

Neste caso é de notar que enquanto viajava pelo mundo a dar conferências principescamente pagas sobre o seu filme The Day After Tomorrow, Al Gore adquiria uma mansão na Bay Area em São Francisco à cota zero, ao nível do mar portanto, mar que, segundo ele, subiria pelo menos um metro em poucos anos. Enfim, pode dizer-se que já tenho alguma imunização contra a M.I.D. e aprendi a ser céptico a tudo o que vem do poder e dos media.

Aquilo a que assistimos nos últimos dezanove meses não passa disto, uma estratégia de Medo, Incerteza e Dúvida. Políticos, “especialistas”, media e a casta do laptop e teletrabalho uniram-se na criação de um pânico injustificado na população que levou e continuará a levar a uma catástrofe social sem precedentes. Já há dados empíricos que o demonstram: falta de diagnósticos de cancros que se reflectirão em mortes evitáveis nos próximos anos, milhares de cirurgias adiadas, milhões de consultas médicas não efectuadas, a ruptura das cadeias de abastecimento mundiais (e a maioria não faz ideia da destruição que isto provoca), o atraso no desenvolvimento cognitivo das crianças, o aumento de suicídios, depressões, ansiedade e outras condições mentais, a destruição de muita da economia produtiva e do sustento de (em Portugal) incontáveis milhares de famílias. Tudo isto é verdade e quantificável, mas inconveniente para autoridades e, estranhamente ou não, media.

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No meio disto, sobra a cobardia do poder político e dos media em reconhecer qualquer erro. Colocados perante decisões absurdas — apenas contraditórias nuns, com mentiras e omissões noutros — optam pela fuga em frente. Media e big tech silenciam vozes discordantes num arremedo do julgamento de Galileu, carregam na narrativa única e recusam fazer chegar ao público estudos e opiniões discordantes. E quando, por alguma razão, esses estudos e opiniões chegam às pessoas, encarregam-se de tentar desacreditar os autores mesmo que sejam cientistas com provas dadas, gente citada e respeitada nas áreas da epidemiologia, virologia ou saúde pública e acima de qualquer suspeita. Acresce que quem forma opinião através das conferências de imprensa da Organização Mundial de Saúde não sabe que está a ser enganado. É que poucas vezes têm qualquer relação com os relatórios ou papers publicados pela própria instituição! Contradizendo-os frequentemente.

Apesar de tudo e da catástrofe social que a reacção política e mediática ao SARS-Cov-2 provocou (convém ter noção de que o vírus se limitou a provocar doença e mortes, não tomou decisões políticas, não decidiu confinamentos, nem o uso de máscaras, nem o fecho de empresas, nem atropelou 100 anos de epidemiologia ou 300 anos de conhecimento e liberdades cívicas) o que se está a fazer às crianças e jovens é uma barbaridade inominável, a começar pelos mais desfavorecidos, o que daria outro artigo.

Ser uma pessoa, viver e comunicar é muito mais que limitarmo-nos a comer, dormir, defecar e ver séries na Netflix. Desde logo porque somos muito mais que indivíduos, somos parte da nossa família e comunidade, não sobrevivemos sem elas, não podemos levar uma vida minimamente aceitável sem elas. O que nos torna parte delas é a comunicação que vai muito mais além das palavras ditas. São também as expressões, a linguagem corporal, a empatia e as relações. Sabe-se que bebés de seis meses já reconhecem expressões e que por volta dos seis anos de idade (mais as meninas que os meninos) as crianças são capazes de identificar tristeza, fúria, alegria, etc, através apenas da expressão do rosto.

Esta capacidade cognitiva vai crescendo ao longo da infância e adolescência. Muita da empatia a que qualquer relação humana está sujeita deriva desta “educação” cognitiva. Esta mania de querer obrigar as crianças a usar máscaras e que adultos as usem na presença delas arrisca criar uma geração de sociopatas com sérias deficiências cognitivas e sem qualquer capacidade de empatia. Isto sabendo-se como esta doença é praticamente inócua para as crianças e que estas têm uma muito menor probabilidade de transmitir o Sars-Cov-2 que um adulto. Quando me lembro dos pais que aceitam acriticamente que os filhos pequenos sejam obrigados a usar máscara na escola ou, pior, levam os pequenos a serem vacinados, ocorre-me a frase do Sting no tema “Russians” – “I hope the russians love their children too”, curiosamente um tema de 1985 quando a Guerra Termonuclear era iminente (M.I.D.). Para terminar fica aqui um meme que encontrei via Brownstone Institute.

“O futuro é tão brilhante que tenho que usar óculos escuros” – Timbuk 3