Foi dia da Mãe no último domingo: sempre bom mote para voltar à relação das experiências das mães com a taxa de natalidade, esse problema-bomba do país. Eu sei. Estamos num tempo em que ganha terreno a visão de que as mulheres são objetos produtores de filhos, em vez de seres humanos com direito à busca da felicidade. E que a questão da natalidade é uma ótima desculpa para se assumirem como necessários todos os atropelos a direitos e liberdades que forem necessários.
Já tive a oportunidade de ler uma mulher reacionária, que conheço e não tem filhos, defendendo que se estrague a vida profissional às mulheres que têm de facto filhos, mantendo as distorções do mercado de trabalho, a ver se vão para casa dedicar-se à sua divina missão procriadora. Vem a mim, The Handmaid’s Tale. É assim uma posição entre o hilariante dos comunistas quando dão em arvorar-se nos verdadeiros defensores dos pequenos empresários e a perversidade dos padres que participam orgias gay dando sermões e penitências com grande severidade às fiéis femininas que não guardam virgindade até ao casamento, esse sacrilégio. Como se vê, manter desigualdades no mercado de trabalho tem dado um ótimo resultado em termos de aumento da taxa de natalidade em Portugal (#not).
Bom, para conversa útil é melhor irmos buscar um estudo de Heather Krause que analisou o nível de felicidade de pais e mães depois do nascimento do primeiro e do segundo filho. No primeiro filho, uma grande proporção (semelhante) de pais e mães teve um acréscimo de felicidade. Depois do segundo filho, os pais tiveram igualmente um acréscimo de felicidade, mas muito menos mães o tiveram e, pelo contrário, quase 40% das mães sentiram decréscimo do nível de felicidade.
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