A gestão da resposta à Covid-19 tem sido uma demonstração clara de tudo aquilo que não deveria acontecer em saúde pública.

Uma sociedade que durante meses a fio dedica por inteiro a sua atenção a um único vírus respiratório é, de facto, uma sociedade doente. Um país que ignora os efeitos altamente negativos das medidas tomadas pelo Governo é, de verdade, um país com uma infecção grave.

A boa gestão de saúde pública é aquela que dedica atenção às várias doenças e inúmeras circunstâncias que apresentam perigos relevantes para vida e bem-estar das pessoas. Por outro lado, pondera os custos e os benefícios das acções a desenvolver e tem em conta que numa doença como a Covid-19, o risco de fatalidade é mais de mil vezes superior nos idosos do que nas crianças.

Por muito que se repita a ideia, é uma mentira grosseira que seja possível eliminar o vírus da comunidade e uma ilusão desonesta que possamos algum dia viver sem riscos.

Sendo legítimo que todos queiramos viver mais tempo, confortavelmente e com melhor saúde, é um egoísmo exacerbado e uma infantilidade atroz querer que todos se fechem em casa ou passem a deambular como que em cápsulas assépticas. Isso é até um duplo desrespeito.

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Desrespeito pelas gerações anteriores, que em liberdade correram alguns riscos de infecção mas com isso criaram na sociedade imunidade a muitas doenças. E um desrespeito pelas gerações futuras, porque o nosso comodismo de querer evitar, a todo o custo, a exposição a microrganismos patogénicos de uma doença com 99,9% de taxa de sobrevivência fará com que as defesas biológicas dos nossos filhos e netos venham a ser mais débeis e vulneráveis.

Convém também referir que este hedonismo é típico de abastados, afluentes ou de quem tem rendimento directa ou indirectamente garantido pelo Estado. Estes têm um custo de oportunidade significativamente mais baixo em defender restrições acrescidas no âmbito da Covid-19 e daí que permitam a destruição massiva que os governos impõem à economia e, paradoxalmente, reclamem ajuda do Estado para sairmos da calamidade em que vamos mergulhando. A obsessão com o imediato e o efémero, a vertigem egocêntrica e o menosprezo pelo tempo futuro são, infelizmente, atributos de um delírio dominante…

Mas é Natal! O momento convida a reflectir e a partir do nascimento de Jesus para nos lembrarmos que o conforto material não satisfaz de forma plena a nossa existência nem a nossa alma.

Nestes tempos em que temos medo de viver e exigimos dos outros que nos protejam, tomemos o exemplo do sofrimento, fadiga e tantas provações por que passou a família de Jesus na longa deslocação de Nazaré até Belém, como ferramentas para uma viagem pela Liberdade. Para os crentes, hoje é o dia da vinda ao mundo do Salvador. Um acontecimento que liberta o homem porque lhe dá sentido moral. Ou seja, dá liberdade a cada um de nós de escolher o seu caminho, optando entre a subjugação voluntária à servidão a outros homens ou a escolha por uma trajectória de vida conforme à Consciência e Fé em Deus.

Por isso, a escolha é sua: renda-se à suposta segurança da tirania covidesca ou liberte-se por uma vida com risco, mas moral.

Um Santo Natal para todos!