Não, não me refiro ao museu que esteve para ser dos Descobrimentos, passando em seguida a Descobertas ou Expansão e posteriormente a Interculturalidade de Origem Portuguesa e que agora vai em Viagem. Daqui até que o dito museu veja luz do dia não duvido que outras polémicas surgirão pois é inevitável que tal aconteça quando em vez de projectarmos o futuro pretendemos refazer o passado.
Aliás, a prosseguirmos nesta senda revisionista o próprio conceito de museu será posto em causa: afinal, o que é um museu senão uma criação ocidental e dentro desta uma manifestação do gosto das classes dominantes? Como esquecer as galerias de arte dos Médicis e dos Papas? As colecções reais?… Bem vistas as coisas o melhor será nem se falar de museus, pois não só há povos que nunca sentiram a necessidade de construir museus como alguns até se sentem ofendidos com a musealização do seu património. (Para uma noite de insónia aconselho uma pesquisa sobre as reivindicações feitas a vários museus, em nome de algumas tribos de índios.)
Assim, proponho que deixemos de usar esse termo “museu”, eivado que está de preconceitos de uma sociedade machista, colonialista, racista e demais istas e passemos a falar de Local de Acumulação de Experiências e Artefactos. No caso concreto do que esteve para ser Museu dos Descobrimentos, depois Descobertas, depois Interculturalidade e depois Viagem proponho a seguinte designação que creio blindada a quaisquer suspeitas de supremacia cultural, racial ou outra, desde que se exclua a avaliação psiquiátrica: Local de Acumulação de Experiências e Artefactos do Fui Ali Num Instantinho Trocar Umas Ideias, Tratar de Uns Assuntos e Conversar um Pouco.
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