Portugal está finalmente a preparar-se para começar a procurar novos caminhos políticos, está preparado para deixar de viver entre “maiorias” socialistas ou social-democratas, está preparado para a pluralidade. Estamos finalmente a entrar na puberdade da democracia, na vontade de experimentar coisas novas, de ouvir outras formas de falar, de ter políticos que não são políticos, de ter capacidade para interpretar ideias e não apenas pessoas.

Infelizmente, estamos apenas a viver o início de uma puberdade tardia com 45 anos. Os Portugueses têm medo de arriscar, do desconhecido, do inesperado…

Não digo que tenham de ser todos como eu, que, quase a fazer 40 anos, decidi despedir-me de um bom emprego onde estava há 17 anos, vendi a casa e resolvi ir viajar durante oito meses com a minha mulher e três filhos pequenos, apostando também num novo projeto profissional de raiz, que, no fundo, era o que sempre quis fazer na vida. Não digo a todos os Portugueses para arriscarem como eu arrisquei, não é para todos e nem sequer faz sentido ser para todos. Mas querem mesmo deixar nas mãos dos mesmos políticos o vosso passado, presente e futuro?

Este atraso na chegada à puberdade democrática fez-nos ficar cada vez mais pobres e só não empobrecemos mais, porque durante este período vieram muitos milhões da Europa e também pela capacidade de superação de muitos Portugueses. Temos oscilado entre socialistas e social-democratas, mas sempre a viver em modelos económicos mais sociais, salvo quando intervencionados pela troika, consequência desses mesmos modelos supostamente sociais…

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Tenho muitos amigos socialistas, respeito totalmente as suas convicções políticas e não tenho nada contra um Governo PS. Mas isso não implica que concorde com eles. Para mim, está mais do que provado que o modelo económico socialista não funciona, é um modelo que nivela por baixo e a bandeira da igualdade é hoje obrigatória em qualquer modelo político moderado. Mas se estamos a entrar na puberdade da política aos 45 anos, quanto tempo vão demorar os Portugueses a perceber isto?

Por todas estas razões, o panorama político atual em Portugal não deixa de ser interessante.

Do lado da esquerda, temos um PC com os seus fiéis camaradas, alguns confusos que se apaixonaram por André Ventura, um Bloco de Esquerda que atingiu a maturidade e provavelmente iniciou o seu processo de declínio (numa análise do partido como um produto e não literal) e um PS fiel a si mesmo, que vai conseguindo sobreviver a tudo e a todos, mesmo quando o poder de compra dos portugueses caminha para igualar o poder de compra dos venezuelanos.

Do lado da direita, temos um PSD que por vezes parece um clone do PS, por vezes parece um partido liberal, por vezes parece um partido grande, por vezes parece um mini-partido.

Ao lado ainda encontramos o CDS. Sim, ainda não acabou como o Aliança, mas está em vias de extinção. O grito de guerra de Adolfo Mesquita Nunes pode fazer com que continuemos a ter uma direita moderada e conservadora, mas o problema, para mim, é que o CDS é um “produto”, esse sim acabado, que precisava de ser refundado, mas o espaço deles é cada vez mais pequeno. Adolfo Mesquita Nunes faz falta na política ativa, mas eventualmente o seu lugar já será ao lado dos seus amigos liberais.

Depois temos a cavalgada de André Ventura, que é importante para desbravar este caminho democrático, abrindo os extremos e dando a todos a possibilidade de entrarem um pouco na política. No final, no entanto, todos sabemos que é uma cavalgada inconsequente, como o atleta que faz o papel de lebre numa corrida de fundo.

Mais atrás vêm os liberais, com o ritmo de corrida firme, sólido e com tudo a seu favor para ajudar a mudar Portugal.

Não tenho dúvidas que nas próximas dezenas de anos vai haver uma transformação que levará a sociedades mais liberais. Faz parte da evolução natural da humanidade e se não for amanhã será depois de amanhã, se não for depois de amanhã será algures no tempo. É uma questão de lógica na evolução das sociedades. É uma questão de maturidade!

O liberalismo tem sido adiado ao longo da História. Há interesses a mais para conseguirmos viver só com ideais liberais, mas estamos cada vez mais próximos, mais próximos da tolerância entre todos e de viver em verdadeira comunidade, com cada um a desempenhar o seu papel e sem políticos.