Nada como recuar às origens. O partido Chega nasceu com uma identidade social sui generis por ter sido determinada, desde o começo, pelos seus adversários políticos. Foram os outros – em rigor a classe jornalística, académica, artística ou política do Regime – que decidiram unilateralmente a identidade do Chega.

Nós, do Chega, ainda nem sabíamos ao certo que rumo dar à nossa identidade recém-criada e já nos tinham batizado para todo o sempre: racistas, xenófobos, fascistas, neonazis, de extrema-direita, populistas. Quando quem define a nossa identidade não somos nós, quando a identidade de um indivíduo ou de um coletivo é imposta autocraticamente pelos outros, de fora para dentro da intimidade de cada um de nós, isso tem nomes feios: violência simbólica, terrorismo moral, terrorismo intelectual, violação mental.

Subjugar a identidade dos outros de forma tão vil escuda a consciência de quem o faz, o que permite e instiga socialmente atropelos desumanos a esses outros. Entrei na campanha nas últimas três semanas num momento em que já havia vários outdoors e cartazes do Chega vandalizados, porém com alguma esperança. O concelho ao qual concorri, Alcochete, é de pequena dimensão (cerca de 20.000 habitantes) e o quarto com o nível de rendimento médio mais elevado no país (2.012€/Alcochete para 1.206€/nacional). Era também tido por tranquilo. Com um detalhe: 45 anos de poder autárquico exclusivamente de Esquerda: onze de socialismo e trinta e quatro de comunismo.

De nada valeu a cordialidade da campanha do Chega. Os cartazes de rua foram arrancados e vandalizados, provocações de rua e insultos não falharam. Tudo à moda da Esquerda.

Nos dias da campanha, quem circulou por diversos concelhos, em particular nos de forte implantação esquerdista, como os do distrito de Setúbal, perdeu a conta ao lastro de selvajaria política que tomou conta da campanha. Olhando para os estragos nos outdoors e cartazes do Chega recordava-me dos restos da mortandade abandonados na berma das estradas logo após a guerra civil, em Moçambique (1976-1992), que não incomodavam os locais mas chocavam os forasteiros ocidentais habituados à vida civilizada.

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Por princípio, temos assente que a propriedade é a extensão do sujeito individual ou coletivo. Atentar contra a propriedade, tal como desregular a justiça, significam romper com ideais basilares do humanismo e da civilização que semeiam a anomia social rumo à sociedade selvagem. Esse é um hoje um direito exclusivo da Esquerda portuguesa indignada, sendo que o Chega demonstra há mais de dois anos que se recusa a competir nesse campo.

Atentar contra o que foi pago pelo esforço individual dos militantes do Chega; projetar a raiva num outdoor ou cartaz porque se embirra com a mensagem, mesmo quando esta se limitava a defender a Família – são sintomas de quem ambiciona atingir violentamente as pessoas das quais discorda. Para os que preservam alguma sanidade mental, ficou inequívoca a natureza violenta e repressiva do atual regime político, a Terceira República.

Claro que as eleições ganham-se e perdem-se na contagem dos votos. Isso não está em causa. Todavia, os regimes políticos e a dignidade das sociedades são bem mais importantes e ganham-se e perdem-se por causa da orientação cívica e moral que imprimem à vida quotidiana. Não vale a pena tapar o sol com a peneira. Foi no terreno do civismo e da moral social que o Chega obteve, nas autárquicas, uma vitória sem paralelo na democracia portuguesa.

Olavo de Carvalho escreveu: «[P]ara você ter fama de odiento, não precisa de odiar ninguém; basta que o odeiem.»

A questão é que desta feita o atingido não foi (só) André Ventura. Foram pessoas comuns como eu, como o seu vizinho, a professora do seu filho ou filha, o crente que frequenta a sua igreja, a pessoa do seu clube desportivo, o desempregado angustiado, o seu conterrâneo, o dono da café ou restaurante que você frequenta, a senhora da mercearia ou a da limpeza do supermercado perto de sua casa, o reformado com problemas de saúde, o estudante do ensino secundário, o imigrante, a criança que nem sequer vota. Exemplos factuais de pessoas que contactei diretamente nas cerca de três semanas de campanha de rua que realizei. Pessoas que iam garantindo que votariam no Chega ou que revelavam apreço por André Ventura.

Num momento em que a dignidade das escolhas de indivíduos comuns era violentada nunca se ouviram palavras de conforto, muito menos de proteção dos seu direitos, proferidas por um único responsável por um órgão de soberania da Terceira República Portuguesa. Tal silêncio significou: «Humilhem e agridam mais que eles merecem!». Nunca dei por um reparozinho condenatório da violência política que andou à solta nas ruas durante a campanha eleitoral.

Uma parte dos portugueses é lixo humano para a casta dona do Regime. Inclusive, senti no terreno que nos interditam a aproximação a certos segmentos sociais abstencionistas que se sentem abandonados pelo Regime ou que eles simplesmente se desfiliaram do Regime, o que muitas vezes quer dizer romper com a vida comunitária. Não deve haver pior dano causado por um regime político ao respetivo povo.

Recordo que o candidato do Chega à Câmara Municipal de Palmela, Afonso Brandão, foi ameaçado por um indivíduo que empunhava uma faca. Circular pelo concelho em causa serviu para apreciar outdoors e cartazes de Chega vandalizados com requintes de boçalidade, malvadez, selvajaria. Ao longo de dias e dias. E nem uma reportagem televisiva ou fotorreportagem sobre matéria-prima tão fértil sobre violência social, violência política, intimidação, atentados contra a propriedade.

A campanha autárquica de 2021 veio reforçar fortemente a legitimidade do Chega. Antes de ser partidária ou política, a nossa luta é cívica. Antes de ser cívica é moral. Os argumentos estão claríssimos na I Parte do Programa Político do Chega (2021).

Por ousarmos colocar o pé na rua durante a campanha eleitoral em Alcochete, os donos do Regime, socialistas e comunistas, não desperdiçaram a oportunidade de nos rotularem de «fascistas» ou «filhos da puta». Agressões de rua saídas do nada.

À porta da Escola Secundária de Alcochete, um professor achou-se no direito de sussurrar no meu ouvido «Seu fascista!». Outra senhora professora censurava-nos: «Campanha à porta da Escola?!», era lá admissível! Reações à nossa ousadia de oferecermos, à porta dos estabelecimentos de ensino, a Reforma do Ensino Básico e Secundário do Chega. Tomámos essa opção porque o Diretor do Agrupamento de Escolas de Alcochete impediu-nos de deixar os livrinhos impressos na portaria ou no PBX das escolas para que cada professor, se assim o desejasse, pudesse levantar o seu exemplar sem contactar diretamente com os candidatos do Chega às eleições.

Nas duas escolas de maior dimensão de Alcochete – uma do 2º e 3º ciclos e outra secundária – oferecemos em mão cerca de uma centena de exemplares da Reforma do Ensino do Chega. Nesses contactos, por norma os professores foram bastante cordiais. Porém, nunca faltou o ódio intimidatório incontido e a agressividade manifesta de uns quantos professores esquerdoidos, a começar pelo Diretor do Agrupamento de Escolas. É demasiado óbvia a existência de uma minoria de professores que detém um poder desmesurado no controlo da vida interna das Escolas.

Sujeitos de tal calibre oprimirem quotidianamente os seus colegas professores subjugando-os aos encantos da indisciplina, da burocracia escolar (que atingiu níveis de loucura) ou das depressões (que atingiu níveis históricos impensáveis no corpo docente). As escolas de hoje reinventaram a ideia de manicómio. Vivemos na era dos sujeitos mentalmente patológicos tutelarem os demais.

Em Alcochete, o Chega nunca dirigiu a sua campanha autárquica aos alunos. Ainda assim, alguns saudaram-nos com a mais absoluta cordialidade. Não é preciso imaginação para saber que esses alunos, como outros, vivem reprimidos naquilo em que acreditam quando, na intimidade da sala de aula, são mentalmente policiados por uns quantos professores esquerdistas, bestas desumanas que nem sequer toleram que o pluralismo de ideias sobre o ensino se aproxime do portão do seu território de caça mental, a «sua» escola.

Como sociedade civilizada, não podemos continuar a tolerar o que se passa no interior das escolas e na intimidade das salas de aula. O Chega não vai abandonar o combate ao terrorismo mental que domina a instituição. Além de alguns docentes, é fundamental que alunos e encarregados de educação se posicionem quotidianamente sobre o universo de repressão mental ao serviço da Esquerda em que se converteram as escolas.

Como primeiro cabeça de lista pertencente a uma minoria racial candidato à Câmara Municipal de Alcochete, também se fez história. Com frases como: «Ainda por cima, o candidato [do Chega] é arraçado de preto» ou «O homem parece um refugiado da Etiópia… Nojento». Sentenças de socialistas e comunistas sempre queridos, justos, progressistas e antirracistas. Foi em Alcochete, mas poderia ser noutro qualquer Esquerdistão.

Em tempo oportuno informei a também muito querida imprensa portuguesa sobre tais episódios habitualmente apetitosos de «racismo» e «xenofobia». Nem uma palavra.

A lição que retiro da minha primeira campanha de rua pelo Chega é simples: o atual Regime político é selvagem, boçal, terceiro-mundista, um cadáver moral em putrefação.