Todos nós temos a consciência da dimensão dos incêndios que assolaram a Madeira na passada semana. A dimensão destes incêndios deveu-se, para além do rastilho sentenciado por mãos criminosas, à junção de três condições meteorológicas que os ampliaram de forma significativa: uma humidade inferior a 30%; vários dias seguidos com temperaturas superiores a 35°C (num deles, atingiu-se os 38,4°C um novo máximo registado nesta ilha desde 1976); e ventos muito fortes e de direcção imprevisível que tiveram rajadas por vezes superiores a 100km/h e que alimentaram o fogo para além dos seus limites. A conjugação de todos estes factores provocou um conjunto de dramas humanos que exigiu (e exige) a nossa máxima atenção e um manancial de destruição patrimonial que foi visível em jornais e televisões.

Não tenho nenhuma dúvida de que as consequências destes incêndios teriam sido muito piores, se não existisse, desde a primeira hora, um trabalho e um empenho notáveis das autoridades regionais e nacionais, dos militares, dos bombeiros, das polícias, dos profissionais de Saúde, da Cruz Vermelha, das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia e de muitas organizações, associações, clubes e empresas. A todos estes adiciona-se o espírito de solidariedade de um infindável número de voluntários que numa hora difícil predispuseram-se, uma vez mais, a ajudar os outros.

A maximização das nossas forças minimizou, dentro do possível, os efeitos nefastos de um acontecimento que gera sempre, e sem excepção, situações perigosas e que exigem máxima atenção e cuidado. Para que conste, foi possível evacuar um hospital inteiro – o Hospital dos Marmeleiros (180 pessoas) – em plena segurança, em apenas 2 horas e dez minutos! Não tenho palavras que possam descrever a grandiosidade desta tarefa, e ainda mais se se levar em linha de conta que foram também alvo de igual procedimento um outro hospital – o Hospital João de Almada (260 pessoas) –, duas clínicas – a de Santa Catarina e a de Santa Luzia –, e 4 lares para idosos – Santa Casa da Misericórdia (30 pessoas), Olga de Brito (22 pessoas), Vale Formoso (36 pessoas) e Santa Isabel (66 pessoas) – dentro dos mesmos parâmetros. Isto seria impossível sem o profissionalismo e a formação de todos os envolvidos nestas operações, de cariz delicado, por envolverem pessoas doentes e idosos.

É em momentos como este que vemos a fibra de que são feitos os madeirenses e o modo como através da cooperação e da elevada capacidade de entreajuda somos capazes de ultrapassar as dificuldades que enfrentamos. Foi assim em 2010 e em 2013, e não será diferente agora. Não será diferente: porque somos um povo que não se deixa abater perante as dificuldades e que no dia seguinte arregaça as mangas para reconstruir o que perdeu.

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O tempo agora é de reconstruir e de regressar à normalidade quotidiana, cuidando daqueles que sofreram com esta tragédia e ajudando-os a reorganizar as suas vidas. O momento é de olhar para a frente:

  1. Já realojámos provisoriamente as famílias que precisavam de casa. Esta orientação permitiu garantir, em menos de uma semana, o realojamento de 148 pessoas, 51 famílias, que se encontravam acolhidas no RG3 e que não tinham qualquer suporte familiar;
  2. Já iniciámos os trabalhos de levantamento, de limpeza e de recuperação das áreas afectadas;
  3. E já desencadeámos os procedimentos necessários para que situações desta natureza possam, numa eventualidade futura, ter outras possibilidades de resposta em caso de necessidade.

Concluo afirmando que a Madeira, enquanto destino turístico de eleição, continua a ser excepcional, porque mantém intacta a sua beleza natural singular, cujo símbolo máximo é a Floresta Laurissilva, Património da Humanidade. Felizmente, nada daquilo que nos diferencia em termos paisagísticos, foi verdadeiramente afectado por estes incêndios, pelo que mantemos em forte actividade o nosso maior impulsionador económico que é o Turismo.

Desde há muito que assumo responsabilidades e tomo decisões. Nos bons e nos maus momentos. Em defesa da Região e do País. Como fiz agora.

Presidente do Governo Regional da Madeira