O Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, identificou até ao final do mês de novembro 40 homicídios de mulheres por companheiros, ex-companheiros e familiares próximos e 46 tentativas que não resultaram na morte da vítima. O número aumentou face a 2013, ano em que se verificaram 37 homicídios, e a contabilização de 2014 ainda não tem em conta o último mês do ano. Este observatório estima que desde 2012, 229 crianças foram afetadas devido à violência contra as suas mães, ficando 122 filhos ou filhas órfãos de mãe.

No dia em que se assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos, a UMAR vem através de um relatório elaborado pelo seu Observatório de Mulheres Assassinadas mostrar que em Portugal este ano, quatro mulheres foram assassinadas por mês, vítimas de violência doméstica por parte de companheiros ou maridos, ex-companheiros ou familiares próximos. Estes números são estimativas, já que o observatório analisa apenas as ocorrências reportadas pela comunicação social, não havendo dados oficiais nesta matéria.

83% destes crimes foram cometidos por pessoas com quem estas mulheres mantinham relações de intimidade e mais de metade já tinham anteriormente sido vítimas de violência doméstica por parte dos maridos ou companheiros. Três quartos dos crimes contra mulheres aconteceram nas suas casas. Estes crimes ocorrem maioritariamente contra mulheres com idades superiores a 36 anos, mas acontecem em todas as faixas etárias.

Dos 83 filhos das vítimas assassinadas e das tentativas de homicídio ocorridas em 2014, 64 eram filhos em comum com o agressor. 24 filhos destas mulheres, menores ou maiores de idade assistiram aos crimes cometidos contra as suas mães. Ainda segundo dados deste relatório, o concelho em Portugal onde ocorreram mais casos de homicídio ou tentativa de homicídio de mulheres em contexto de violência doméstica foi no Seixal.

Devido às condições em que ocorreram estes crimes, a UMAR conclui que “a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal” e que a violência doméstica é “um preditor do femicídio” ou homicídio de mulheres.

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