Portugal está entre os sete países que mais diminuíram o volume de Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) aos países em desenvolvimento no ano passado, segundo um relatório divulgado pela OCDE.

Os números revelados hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostram que Portugal doou 488 milhões de dólares em 2013, correspondentes a 0,23% do Produto Nacional Bruto, descendo para 419 milhões de dólares em 2014, o que se traduz numa descida de cerca de 15%, só ultrapassado pela Espanha, que doou menos 20,3%, e pelo Japão, que registou uma quebra de 15,3%, ambos com valores absolutos muito maiores que Portugal.

A OCDE nota que, no geral, “os fluxos de ajudas ao desenvolvimento mantiveram-se estáveis no ano passado, depois de terem batido o recorde em 2013”, mas sublinha que dos 28 países que compõem este grupo de doadores, 13 reportaram aumentos nas verbas, enquanto 15 diminuíram a ajuda, “com os maiores declínios a serem registados em Austrália, Canadá, França, Japão, Polónia, Portugal e Espanha”.

De acordo com os dados hoje divulgados e compilados pelo Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) desta organização internacional com sede em Paris, a APD chegou a 135,2 mil milhões de dólares, sensivelmente o mesmo que no ano anterior, e revelando uma subida de 66% em termos reais desde o ano 2000, quando foram definidos os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.

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A ajuda bilateral aos países menos desenvolvidos caiu 16% em termos reais, para 25 mil milhões de dólares, de acordo com números preliminares avançados pela OCDE, que diz que “muita desta queda pode ser explicada pelo excecionalmente alto nível de ajuda à dívida da Birmânia em 2013, mas mesmo excluindo este fator, “a APD aos países mais pobres caiu 8%”.

“Sinto-me encorajado por ver que a ajuda ao desenvolvimento continua num nível historicamente alto numa altura em que os doadores ainda estão a sair da mais dura crise económica do nosso tempo”, comentou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, citado no comunicado de imprensa da organização.

“O nosso desafio, agora que estamos a finalizar os objetivos do desenvolvimento pós-2015, é encontrar novas maneiras para canalizar mais desta ajuda para os países que mais precisam e garantir que conseguimos fazer render o máximo por cada dólar gasto”, acrescentou o líder da organização, que reúne 48 das mais avançadas economias do mundo.

De acordo com os números divulgados pela OCDE, apenas cinco dos 28 países membros do CAD continuam a exceder o objetivo das Nações Unidas de doar mais que 0,7% do Produto Nacional Bruto: Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Reino Unido.

Por outro lado, as maiores subidas na APD líquida foram registadas na Finlândia, Alemanha, Suécia e Suíça.