Se sabe de cor as categorias que organizam uma biblioteca e consegue descodificar aqueles números na base das lombadas só com o correr dos dedos nas prateleiras, mal vai precisar que lhe digam o número do quarto no hotel Library, na Madison Avenue. A alguns metros da centenária biblioteca pública de Nova Iorque, este hotel-biblioteca disponibiliza mais de seis mil livros aos seus clientes.

Não se trata só de ter livros espalhados por todo o lado, do Jardim da Poesia ao lounge Refúgio do Escritor, ou de dar nomes de escritores aos cocktails e ter placas com citações no átrio de entrada. O hotel está organizado através da classificação decimal de Dewey, o sistema criado por Melvil Dewey em 1876 e que organiza as bibliotecas por 10 temas gerais. Cada andar do Library corresponde a um desses temas: há um piso para a história, outro para as artes, matemática e ciências, tecnologia e por aí fora, até ao 12º andar, mais perto do céu e onde o tema é a religião.

A decoração do andar e os livros que se podem aí encontrar obedecem a esse tema, e a meia-dúzia de quartos de cada piso é um subtema: pode dormir-se sob a aura dos contos de fadas ou da literatura erótica no oitavo andar (literatura), mas também das línguas eslavas no andar dedicado às línguas, ou da ética, no piso da filosofia.

Quem vai para Nova Iorque especificamente para ler, só tem que fazer o caminho do quarto para a sala de leitura, aberta 24 horas por dia e onde (ao contrário das outras bibliotecas onde há sempre alguém a pedir silêncio e a olhar de lado para migalhas e garrafas de água), se servem bebidas desde cappuccino a prosecco, para além de queijos e bolachas ao serão. O inconveniente está no facto de o preço por noite ser ligeiramente mais elevado que o do cartão municipal de bibliotecas: pode ficar entre os 300 e os 500 euros.

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