António Costa diz que é “muito grave que o primeiro-ministro desconheça a realidade, ou pior ainda, que queira enganar os portugueses quanto à realidade”. O líder do partido socialista comentava este sábado os polémicos números sobre a evolução do desemprego e o emprego, avançados pelo primeiro-ministro na entrevista que deu à SIC esta semana.

Passos Coelho fez um balanço negativo da evolução do emprego nos governos socialistas e deu dados positivos sobre a última fase da sua legislatura, procurando contrariar um dos resultados mais negativos associados à sua governação, que é o desemprego.

O secretário-geral do PS acusa o Governo de ter feito a maior destruição de postos de trabalho desde há muito tempo. “Vivemos nos últimos anos a maior destruição de postos de trabalho que tivemos há muito tempo, foram 320 mil postos de trabalho que se perderam, e não podemos deixar de ter em conta que o desemprego mais do que estatística são pessoas em concreto que perderam os seus postos de trabalho”, disse António Costa, citado pela Lusa.

António Costa, que anda pelo país à procura de votos, falava à margem da FACECO, a Feira das Atividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira, no Alentejo. O alvo preferencial do discurso de Costa foi, naturalmente, Pedro Passos Coelho. “O governo julga que poder ter vencido uma eleições a enganar as pessoas, que pode ganhar duas. As pessoas não se deixam enganar”.

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Costa acredita que “as pessoas sabem o que se passou em Portugal nos últimos quatro anos. Sabem que o governo se orgulhou e gabou por ter ir ido além da Troika. Sabem como recuámos mais de 15 anos na riqueza nacional, mais de 20 anos no número de empregos, 50 anos em termos emigração. E tudo isto com o enorme fracasso que foi a redução da dívida, que tem continuado a subir.”

O desemprego, sublinha António Costa, é mais do que estatística, “são pessoas que perderam os seus postos de trabalho”, e garante que “os 160 mil postos de trabalho que foram recentemente criados, foram postos de trabalho em regime de emprego e inserção: são emprego subsidiado, que tem impacto estatístico, mas que tem um impacto reduzido na criação de postos de trabalho”. O candidato a primeiro-ministro realça ainda que “90% dos contratos têm sido a prazo. E só 20% se têm convertido em definitivos. É muito grave que o primeiro-ministro desconheça a realidade, ou pior ainda, queira enganar os portugueses quanto à realidade.”

O secretário-geral do PS voltou a defender outra política, centrada no emprego, no relançamento da economia, na estabilidade, na segurança e na tranquilidade das famílias quanto aos seus rendimentos. “É necessário criar condições para as empresas poderem investir, é necessário concentrar as políticas de emprego, não no falso emprego, precário, mas na criação de emprego efetivo para os jovens qualificados e para os desempregados de longa duração.”