A base aérea de Qayyarah, no Iraque, onde se encontram tropas iraquianas e norte-americanas, foi atingida na terça-feira por gás mostarda, uma arma química que pode provocar cegueira momentânea, erupções cutâneas e, em último caso, a morte por asfixia. O ataque está a ser atribuído ao Estado Islâmico, avança esta quarta-feira a cadeia de televisão norte-americana CNN.

De acordo com informação fornecida pelas autoridades à CNN, o engenho de gás mostarda que atingiu a base aérea, a sul de Mosul, não feriu nenhum soldado norte-americano. Depois de tomadas as medidas de precaução e feitas todas as análises, as autoridades chegaram à conclusão que o agente químico apresentava baixos índices de pureza. O ataque, apesar de tudo, foi “ineficaz”.

Ainda assim, este ataque vem ajudar a confirmar uma suspeita há muito alimentada pelos Estados Unidos e pela coligação internacional que combate o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Segundo informações que foram sendo recolhidas por responsáveis norte-americanos, observadores internacionais e militantes sírios, o Estado Islâmico tem na sua posse armas químicas que está a utilizar contra vários alvos específicos na Síria e no Iraque.

Em maio de 2016, uma investigação da ONU concluiu que o grupo Estado Islâmico usou gás mostarda num ataque contra a cidade de Marea, no norte da província de Alepo, a 21 de agosto de 2015 — numa investigação que também não isentava o regime sírio de Bashar al-Assad.

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Antes, em fevereiro do mesmo ano, John Brennan, diretor da CIA, já assumira que o Estado Islâmico tinha a capacidade de fabricar pequenas quantidades de cloro e gás mostarda.

A mesma evidência seria confirmada meses depois por Ahmet Üzümcü, diretor-geral da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ). “É possível que as tenham produzido eles mesmos, o que é extremamente preocupante. Isso quer dizer que têm a tecnologia, os conhecimentos e o acesso às substâncias que podem ser utilizadas na produção de armas químicas”, assumiu então o responsável.

De acordo com a CNN, que cita fontes oficiais, o exército norte-americano já estava consciente desta ameaça. Uma ameaça crescente à medida que a organização terrorista perde território para as forças que combatem o Estado Islâmico.