A Alitalia recorreu ao processo de administração especial, depois de os trabalhadores terem rejeitado um plano de 2.000 milhões de euros que previa cortes no emprego e outras concessões. Este plano de recapitalização da companhia aérea italiana era a resposta da gestão e dos acionistas aos problemas financeiros da empresa que, pela segunda vez em dez anos, enfrenta a ameaça da liquidação.

Os acionistas da Alitalia votaram a favor de apresentar um pedido de administração especial, ao abrigo da legislação italiana, que prevê nestas situações que o Governo italiano avance com fundos de tesouraria para permitir à companhia manter as operações. Serão ainda nomeados supervisores para apresentarem um plano de recuperação ou avançar para a liquidação. O prazo previsto é de 180 dias, podendo ser prolongado por mais 90 dias.

Em comunicado, a administração da Alitalia reconhece os sérios problemas económicos e financeiros da empresa. Os novos administradores vão tomar conta da gestão e apresentar uma nova estratégia que deverá passar pela venda de ativos, redução das operações e cortes de emprego, com o objetivo de tornar a companhia viável no prazo de dois anos. No caso de a recuperação não ser possível, a transportadora será liquidada.

Os maiores acionistas da Alitalia são a transportadora do Abu Dhabi, a Etihad Airways, com 49% do capital, a PJSC e vários bancos italianos, para além de ações cotadas em bolsa.Na semana semana passada, a empresa avisou que tinha esgotado todas as opões para se manter solvente depois dos trabalhadores terem recusado um plano de recapitalização, no valor de 2.000 milhões de euros, que envolvia a dispensa de 1.600 colaboradores. A Alitalia tem atualmente cerca de 12.500 empregados.

A transportadora tem lutado pela sobrevivência desde o plano de recuperação judicial que foi aprovado em 2009. A empresa perdeu quase três mil milhões de euros desde essa data e o primeiro lugar no mercado italiano para a companhia low-cost Ryanair. As mudanças na indústria da aviação e a situação económica da Itália, são apontados por analistas como estando na origem das dificuldades crescentes da Alitalia.

O ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, já avisou que o Governo não tenciona meter mais fundos na empresa que agora, sublinha, “é privada” e remeteu o seu destino para os acionistas e administração.

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