o País deve-vos um pedido de desculpas. Após este ano de exercício do actual Presidente da República (consubstanciado na entrevista que creio viram com um sorriso nos lábios) concluo que tudo o que se disse e escreveu sobre os riscos da vossa eleição para Belém está mais que reduzido a cinzas. Lembram-se – sim, creio que vocês se lembram! – que era um risco eleger alguém sem peso institucional (Maria de Belém)?! Isto para não referir o quão arriscado seria escolher um candidato (Henrique Neto) que tinha uma experiência política limitada. O que nós teorizámos sobre a vossa dificuldade na hora de constituir as equipas que vos deveriam assessorar. O carácter outsider e as dificuldades que teriam no relacionamento com os partidos (Henrique Neto) ou a dificuldade em enfrentar o seu partido (Maria de Belém)? E o que se disse e escreveu sobre a vossa impossibilidade de acompanhar os dossiers?…

Confesso que nestes quase 365 dias me tenho lembrado de ambos diariamente. Dirão que as vossas candidaturas representavam projectos diferentes. Obviamente que sim. Mas no estado de estupefacção em que estou com a transformação da Presidência da República nos dias pares numa espécie de número de variedades ambulante e nos dias ímpares num “faz de conta que sou governo” já me bastava que o cargo fosse desempenhado com um mínimo de sobriedade institucional – estão a ver aquilo que nos separa de uma república dos pícaros? – coisa que tenho para mim que qualquer um de vós faria.

E assim, antecipando-me neste pedido de desculpas a um gesto que não duvido será repetido por muitos outros portugueses, despeço-me de vós. Quanto aos leitores aproveito para lembrar: 2020 é já amanhã e ou se começa já a pensar nas presidenciais ou o país passa de pateta a patético.

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