O Conselho de Ministros está esta manhã a discutir as negociações com o FMI para prolongar por uns meses o fecho do programa português, apurou o Observador junto de vários elementos do Executivo. A questão é vista como “sensível”, nas palavras de um ministro. A razão: sem ainda ter na mão um pedido formal do Governo – que até esta manhã não tinha sido, entregue, sabe o Observador – o Fundo tem resistido em tomar posição sobre a argumentação do Governo, de que precisa de mais uns meses para saber quais são as medidas necessárias para substituir as chumbadas pelo TC há cerca de duas semanas.

Uma recusa formal do FMI levaria a que a última tranche destinada a Portugal não fosse entregue, conforme noticiou o Observador na última segunda-feira. O Governo contava ter uma resposta formal até ontem à noite, porque a direção desta instituição tem de tomar decisões finais sobre Portugal no encontro marcado para segunda-feira, dia 16.

No elenco governativo,  opiniões divergentes sobre as implicações de um fecho do programa abrupto, sem um último cheque. Os mais otimistas olham para o leilão de ontem de dívida pública como um argumento para relativizar: “Conseguimos uma boa taxa de juro, abaixo da que pagamos hoje à troika. Com um pouco mais de mil milhões, conseguimos ter o equivalente à última tranche”, dizia ontem à noite uma fonte conhecedora do processo. Hoje mesmo, o Jornal de Negócios garante que o Tesouro está preparado para este cenário, caso venha a ser necessário, e voltar a emitir dívida brevemente para manter uma almofada financeira relevante.

Mas nem todos no Executivo partilham do otimismo. Em sigilo, há quem admita “riscos” de credibilidade para o país, por não deixar todo o programa cumprido com o FMI. Uma visão que, sabe o Observador, é partilhada no banco central liderado por Carlos Costa.

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Também na Europa, a possibilidade de o FMI dar por terminado o programa desta forma tem deixado vários responsáveis em alerta. Conforme noticiou ontem o Observador, vários parceiros europeus, com a Alemanha à cabeça, olham com relutância para a eventualidade de Portugal poder não fechar o programa com o FMI, minando a credibilidade política que os parceiros europeus colocaram por detrás da decisão portuguesa de sair do período de ajuda externa sem um programa cautelar e no progresso do ajustamento português.

* Texto modificado, acrescentando-se que até esta manhã o Governo não tinha entregue um pedido formal ao FMI.