Será às 19h. Ou mais coisa, menos coisa. A essa hora, a seleção nacional já o deverá saber — ou pega nas malas e as mete num avião com ‘v’ de volta para Portugal, ou as continua a passear pelo Brasil fora. Vamos lá escrever isto de outra forma. A equipa treinada por Paulo Bento tem de ganhar ao Gana, em Brasília, e fazer figas para que, em Recife, os alemães vençam os EUA. E pronto, aí faz-se a festa no Estádio Mané Garrincha e Portugal salta rumo aos oitavos de final, certo? Não, errado. E até pode ser no Maracanã, estádio onde se realizará a final, que a seleção confirma o apuramento.

Confuso? É normal. Primeiro que tudo, há contas para fazer. Ou golos a entrarem nas balizas. Não basta à seleção nacional simplesmente garantir uma vitória e os três pontos contra os africanos. Uma coisa é obrigatória — a Alemanha tem de vencer os EUA. Sempre. E, caso isso aconteça, a forma mais rápida de Portugal se tornar independente é ganhando por 4-0 ao Gana.

GrupoG

A classificação do grupo de Portugal antes da terceira jornada.

O problema, contudo, é se a equipa nacional vence os africanos por 2-0 e, ao mesmo tempo, Joachim Löw, seleccionador germânico, vê os seus a ganharem por 3-0. Aí, portugueses e norte-americanos chocam. Em tudo: pontos, diferença de golos, golos marcados e confronto direto (face ao empate por 2-2, do passado domingo). Se isso acontecer, Portugal só ficará a conhecer o seu futuro lá para as 20h30. Onde? No Maracanã.

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Três exemplos de resultados que obrigarão a que tudo se decida por sorteio:

— Portugal 2-0 Gana e Alemanha 3-0 EUA
— Portugal 2-1 Gana e Alemanha 4-0 EUA
— Portugal 3-0 Gana e Alemanha 3-1 EUA

Será lá, na sala de conferências do estádio, que se realizará um sorteio para decidir qual a seleção que acompanhará a Alemanha para os oitavos. “O sorteio seria realizado por um membro do Comité Organizador da FIFA, não representativo dos países envolvidos”, explicou ao Observador um porta-voz da entidade. Não seria necessária a presença de qualquer elemento da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), dado que o sorteio seria alvo de transmissão televisiva.

“O sorteio em causa seguiria um procedimento normal: seriam colocadas bolas, contendo pedaços de papel com os nomes das respetivas equipas, dentro de uma taça. O membro do Comité Organizador misturaria as bolas, retiraria uma e mostraria o papel. A primeira equipa a sair seria a qualificada desse grupo.”

E para a seleção passar sem sorteios?

Marcar quatro golos aos ganeses será difícil. Se não o conseguirem, os portugueses têm de canalizar a fé para uma balança, em cujo equilíbrio estará o apuramento da seleção. Aqui a coisa é mais simples: quantos menos golos a seleção marcar, mais bolas os germânicos terão de empurrar para a baliza dos EUA.

Caso Portugal e Alemanha vençam os seus encontros, há duas regras que têm de ser cumpridas. Primeira: a seleção tem de marcar sempre mais um golo do que aqueles que a Alemanha marque aos EUA. Caso isto aconteça, vem a segunda regra: a margem conjunta da diferença de golos tem de ficar pelo menos nos cinco. Ou seja, se germânicos vencem por 2-0, a equipa de Paulo Bento terá de ganhar por 3-0. E por aí fora. A única hipótese de o 1-0 chegar para Portugal é se a turma de Joachim Löw atropelar a de Jurgen Klinsmann por 5-0.

Derrubar o Gana e imitar uma eventual vitória da Mannschaft sobre os norte-americanos (ganharem ambos por 1-0, por exemplo) não serve de nada — aí segue em frente o país que trata o futebol por soccer.