José Maria Ricciardi vendeu, a 23 de junho, 41,9 mil ações do Banco Espírito Santo (BES), de acordo um comunicado enviado pela instituição financeira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O documento acrescenta que o preço médio praticado foi de 0,89 euros, superior em 30% aos 0,685 euros a que os títulos fecharam a sessão desta terça-feira na Euronext Lisbon.

Após esta alienação, o presidente do Banco Espírito Santo de Investimento, que está em rota de colisão com o ainda líder executivo do BES e seu primo direito, Ricardo Salgado, ficou na posse apenas de um lote de cem ações. Ao preço indicado, a venda dos títulos gerou receitas brutas de 37,3 mil euros para Ricciardi, quadro de topo do Grupo Espírito Santo (GES) que anunciou, recentemente, a renúncia a todos os cargos de gestão na estrutura, incluindo no banco que constitui o seu principal braço financeiro.

E também ontem, Ricardo Salgado anunciou que renunciava ao cargo de presidente do Conselho de Administração do Banco Espírito Santo Investimento (BESI). O histórico presidente anunciou em comunicado que deixou de exercer as funções não executivas no BESI.

 

Analistas apreensivos com a fusão entre a PT e a Oi

Na edição de hoje do Expresso Diário, analistas citados pela publicação manifestam-se apreensivos com os impactos que a crise no Grupo Espírito Santo (GES) poderá provocar na Portugal Telecom (PT) e admitem que os efeitos têm força para se estender à operação de fusão que está a decorrer com a operadora brasileira Oi. A preocupação deve-se ao facto de a PT ter subscrito instrumentos de dívida de curto prazo emitidos pela holding RioForte no valor de 900 milhões de euros que vencem em meados de julho.

Ouvido pelo jornal, Javier Borrachero, analista da Kepler, afirmou que a situação “cria um risco de crédito potencial, já que as unidades do Grupo [Espírito Santo] estão financeiramente aflitas” e “levanta grandes questões sobre políticas de tesouraria já que a PT investiu 40% da sua posição financeira num produto arriscado”, além de outras “questões reputacionais”.

Sinal de eventuais perturbações na fusão entre PT e Oi na sequência do financiamento cedido pela operadora portuguesa, que é detida em 10% pelo BES e que possui, por sua vez, cerca de 2% do banco, é a circunstância de os dois representantes da empresa brasileira na administração da Portugal Telecom terem pedido a renúncia aos cargos, de acordo com o que foi comunicado ao mercado nesta terça-feira.

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