Viticultores vão manifestar-se hoje, no Peso da Régua, em defesa da Casa do Douro (CD) e em protesto contra a alteração dos estatutos daquela entidade para associação de direito privado e de inscrição não obrigatória.

Em carros, tratores ou a pé, os lavradores vão desfilar até à sede da CD, no centro da cidade de Peso da Régua, para “dizer não” à “privatização” da organização representativa da lavoura duriense, que foi criada em 1932.

A alteração legislativa dos estatutos da instituição, proposta pelo Governo, foi discutida na sexta-feira na Assembleia da República, tendo baixado à comissão de Agricultura.

O plano governamental para resolver o problema da dívida de 160 milhões de euros da CD inclui a extinção do atual estatuto de associação pública e de inscrição obrigatória para todos os viticultores, bem como um acordo de dação em cumprimento, em que o Estado aceita ressarcir-se através da entrega de vinho por parte da organização.

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Este acordo já foi rejeitado pela direção da CD.

“Com esta proposta, o Governo prepara-se para extinguir a Casa do Douro”, afirmou à agência Lusa Berta Santos, dirigente da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro), que promove a manifestação de hoje.

Berta Santos apelou à mobilização de todos e acusou o Governo de se estar a preparar para “liquidar” e roubar o “património” dos agricultores e de “chantagear” a organização.

“Não é sério aquilo que o Governo está a fazer. Está a juntar o saneamento financeiro da CD e a alteração estatutária. Uma coisa não obriga a outra, mas está a chantagear a organização dizendo que só se faz o saneamento se houver alteração aos estatutos”, salientou Berta Santos.

A dirigente teme um agravamento da situação da lavoura duriense, cujos rendimentos diz terem decrescido nos últimos anos, e por um maior abandono da vitivinicultura.

Os lavradores reclamam ainda melhores preços para os vinhos e o aumento do benefício, quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto.

O conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) fixa este mês o benefício, que, no ano passado, foi de 100.000 pipas (550 litros cada).