Em julho, a anterior equipa de gestão do Banco Espírito Santo (BES), liderada por Ricardo Salgado, comprou aplicações de clientes em dívida para com as empresas holding de controlo e outras sociedades do Grupo Espírito Santo (GES). Esta prática, que acabou por beneficiar alguns clientes, pode configurar crime de favorecimento de credores, punível com pena de prisão de até dois anos, diz o Jornal de Negócios.

Por outras palavras, através desta recompra de aplicações, o próprio BES ficou a assumir a dívida dos clientes, o que resultou num aumento de 1.500 milhões de euros da exposição do banco ao GES. O jornal escreve que a recompra de aplicações foi “feita a preços acima do valor de mercado e antes do prazo de vencimento” e dela beneficiaram clientes de private banking do BES e outros investidores não residentes. A prática foi detetada pela PricewaterhouseCoopers já depois da entrada de Vítor Bento no banco.

Segundo o Banco de Portugal, a recompra das aplicações teve “um impacto negativo de cerca de 1.500 milhões de euros” nas contas do BES e indicia “a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais para os interesses do BES e um claro incumprimento das determinações emitidas pelo Banco de Portugal”.

Documentos comprometem Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires

Já de acordo com o Correio da Manhã, existem diversas “operações proibidas” que foram autorizados apenas com a assinatura de Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES, e de Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do banco, não tendo sido aprovadas pelos restantes órgãos do banco que têm de dar luz verde àquele tipo de investimentos. Em causa estarão duas cartas emitidas pelo BES onde são beneficiadas as entidades credoras da Espírito Santo International, uma das holdings do GES, e a constituição de quatro sociedades veículo cujos ativos eram principalmente dívida do BES que não estavam nas contas consolidadas do grupo.

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