Ameaças a médicos. Roubo e pilhagem de equipamento clínico. Utilização de ambulâncias para transportar soldados armados e atitudes que “comprometeram” o acesso de cidadãos a hospitais. Estas são algumas das críticas que um relatório da Human Rights Watch dirigiu aos rebeldes separatistas pró-russos, na Ucrânia — que a organização humanitária acusou de estarem a violar leis de guerra internacionais.

A entidade, que identifica sempre os separatistas como “insurgentes”, sublinhou que, de acordo com as normas internacionais, tantos os funcionários médicos, como os doentes e feridos, devem receber “proteção especial” durante um conflito armado.

Algo que, lamentou a HRW, não está a acontecer na Ucrânia, sobretudo no leste do país. “Os ataques de insurgentes pró-russos em unidades e funcionários médicos estão a colocar pessoas doentes e vulneráveis em risco, além de quem tem de os tratar”, realçou Yulia Gorbunova, responsável da instituição para a Europa e Ásia Central.

O relatório da Human Rights Watch baseou-se em entrevistas médicos ucranianos, a par de relatos de observadores da instituição e jornalistas. Em Sloviansk, descreveu a entidade, vários militares rebeldes ocuparam o Lenin City Hospital, tendo roubado “material de cirurgia”. A HRW criticou ainda que a presença dos rebeldes em hospitais coloca este tipo de instalações “sob o risco de se tornarem num alvo militar”.

O mesmo terá acontecido no Kalinin Hospital, em Donetsk, cidade onde os separatistas proclamaram um República Popular. A 21 de julho, por exemplo, e de acordo com o relato de um observador da organização, os rebeldes separatistas utilizaram uma ambulância para transportar vários militares — o veículo, alegadamente, seguia com a porta lateral aberta, que permitia avistar vários soldados, armados, e sem ferimentos aparentes.

Os intervenientes num conflito armado, recorda a HRW, devem “assegurar que os funcionários médicos não são ameaçados, e que hospitais e ambulâncias não são atacados, danificados ou utilizados para outros fins”. Yulia Gorbunova, observadora da entidade, sublinhou que “este desrespeito pelas pessoas que estão doentes ou feridas pode ser fatal, e tem de cessar imediatamente”.

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