Passados três dias dos Estados Unidos da América terem começado a bombardear, através de aeronaves não tripuladas, parte do território controlado pelo Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS) no Iraque, a administração Obama anunciou, nesta segunda-feira, que começou a fornecer armas diretamente às forças curdas, noticia a Associated Press.

Antes deste avanço, os EUA tinham insistido que só iam vender armas ao governo iraquiano – não se sabe qual a instituição responsável pelo envio do armamento. França e Inglaterra já anunciaram ser a favor deste avanço. A decisão de equipar as forças militares curdas pode estar diretamente relacionada com as suas intervenções no terreno, nos últimos dias, tendo sido mais eficazes que as do exército iraquiano contra o ISIS.

Segundo a BBC, a Força Área Real (RAF, em inglês) britânica abortou um lançamento aéreo de emergência – não se sabe o conteúdo – no norte do Iraque, devido a razões de segurança.

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Últimos desenvolvimentos:

  • Nos últimos três dias, os bombardeamentos levados a cabo pelos EUA ajudaram as forças curdas a recuperar algum território do ISIS, no norte do Iraque. Os peshmerga, nome pelo qual são conhecidos os militares curdos, recuperaram porções de território no distrito de Makhmur, uma região a norte da cidade de Kirkuk, e a cidade de Gwair, conta o Wall Street Journal.
  • Nouri al-Maliki, primeiro ministro iraquiano, acusou Fuad Masum, o presidente do país, de violar a constituição – oficialmente, os EUA estão do lado do presidente, conta o Guardian. No domingo à noite, Maliki anunciou, no canal televisivo estatal, que ia apresentar queixa contra Masum, ao mesmo tempo que as forças de segurança do país se reuniam na capital, Bagdade.

John Kerry, secretário de estado norte-americano, defendeu, nesta segunda-feira, que são os iraquianos que devem decidir quem vai ser o próximo primeiro ministro e que a população está claramente à procura de uma mudança.

De acordo com o especialista americano em Médio Oriente, Juan Cole, o primeiro ministro iraquiano pode estar a tentar fazer um golpe de estado. “Al-Maliki, por sua vez, parece ter calculado que este é o momento para entrar a pés juntos no poder para um novo mandato de quatro anos”, escreve Juan Cole, no seu blogue pessoal. Segundo o especialista, o Curdistão, um região federal do Iraque, não está atualmente numa posição de ditar quem é que vai ser o próximo primeiro-ministro em Bagdade – Fuad Masum, presidente do Iraque, é um político veterano curdo. Ao mesmo tempo, os membros do parlamento que pertencem à etnia sunita foram expulsos das suas províncias para o território controlado pelo ISIS.

Maliki já cumpriu dois mandatos no parlamento iraquiano: um terceiro seria ilegal, mas o primeiro ministro defende que, como o seu partido tem o controlo do parlamento, é normal ele voltar a ser candidato.

  • Pelo menos metade das 40,000 pessoas, membros da comunidade Yazidi, cercadas pelos jihaditas no cimo de uma montanha no norte do Iraque conseguiram escapar nas últimas 24 horas, ajudadas por rebeldes curdos que vieram da Síria para os ajudar. Os membros fugitivos da comunidade Yazidi afirmam que foram ajudados pelo YPG, uma facção curdo-síria, e pelos ataques aéreos dos EUA em locais controlados pelo ISIS, o que forçou os jihadistas a recuar durante seis horas no Sábado.
  • O  ministro dos direitos humanos iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, afirmou à agência Reuters que o ISIS assassinou 500 cidadãos Yazidis, durante a ofensiva no norte do país. Sudani também contou que os militantes sunitas enterraram algumas das suas vítimas ainda vivas, incluindo crianças e mulheres. Perto de 300 mulheres foram raptadas para ser escravas. afirmou.
  • O Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS) lançou um novo vídeo de propaganda para mostrar os avanços territoriais no país. O vídeo, que se pensa ter sido filmado na semana passada, mostra os militantes sunitas a erguer as bandeiras do ISIS em edifícios governamentais iraquianos. 

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