destaque

Um de pé esquerdo, outro com o pé direito, o último à cabeçada. Um, dois e três, foi a conta de Ahmed Hassan fez. Quem? Se não conhecia, o egípcio apresentou os motivos para se fazer à pesquisa. Aqui vai uma ajuda. É um avançado, tem 21 anos e vai na terceira época na equipa principal do Rio Ave, vindo do Al-Ahly. Isto o Google talvez lhe contasse mais rápido. Já Hassan demorou 22 minutos a marcar o primeiro hat-trick deste campeonato.

Fê-lo na Amoreira, estádio do Estoril onde os vila-condenses foram vencer por 5-1. Sim, como visitantes, e sim outra vez, contra uma equipa que estará na fase de grupos da Liga Europa. E Hassan brilhou: primeiro, vestiu uma cueca a Mano (bola entre as pernas) antes de rematar e fazer o 1-0; depois meteu um chapéu em Vagner (bola por cima do guarda-redes); e, por último, cabeceou ao segundo poste uma bola vindo de um canto.

Três golos vindos do homem que, na primeira jornada, nem sequer saíra do banco de suplentes — e todos a passe de Renan Bressan (se quiser aprofundar a pesquisa sobre o homem que ainda assistiu mais outro golo, leia isto), brasileiro mascarado de bielorrusso, que até já marcou um golo à seleção do seu país-mãe, que o Rio Ave foi buscar ao Astana, do Cazaquistão.

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E já agora, uma palavra para Bernard Mensah. Também não conhece? Aqui vai a segunda ajuda: é ganês, tem 19 anos, é um extremo, está no Vitória de Guimarães e, no sábado, marcou dois dos três golos com que os minhotos venceram o Penafiel. Já tinha marcado um na primeira jornada. Portanto, ele e Hassan, para já, são quem já trata os golos por tu — ambos jovens, ambos fora dos grandes, ambos agradáveis surpresas.

desilusão

É artificial. Tem borracha, plástico e até areia. É o relvado que o Boavista preparou para, esta época, receber 17 adversários na liga. À primeira vez que foi anfitrião, o jogo foi aborrecido. Sensaborão. A hora e meia de futebol terminou com 38 faltas — quase uma por cada dois minutos e meio –, muitas viagens da bola pelo ar e poucas jogadas com coerência. Culpa do relvado? Talvez sim, talvez não.

A verdade é que foi um jogo pouco bonito de se ver. E pior: foi nele que Ruben Amorim, na primeira parte, colocou mal a perna direita na relva e sofreu uma rotura total do ligamento cruzado. Serão meses e meses de fora. Azar para o Benfica e para a seleção nacional. E agora, o culpado é o relvado? Talvez sim, talvez não. Mas a lesão do médio encarnado poderá dar a lenha para a fogueira de quem critica a existência de relvados artificiais no futebol profissional.

E o jogo no Bessa pode ter causado outro dano — e logo no primeiro derby da época. Ao intervalo, Marco Ferreira “achou por bem”, como disse Jorge Jesus, expulsar o treinador do Benfica e obrigá-lo a assistir à segunda parte na bancada, ao lado de Manuel do Laço, emblemático adepto do Boavista. Ou seja, o técnico poderá também ver o Benfica-Sporting na bancada, no próximo domingo, no Estádio da Luz. E qualquer derby merece que ambos os treinadores estejam ali, perto do relvado, a dar ordens. Tudo dependerá do que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decida fazer.

E uma decisão foi o que ia tramando Nani. “Estava confiante”, revelou Adrien, o especialista em penáltis à moda leonina — sete dos nove golos que marcou na época passada foram quando a bola estava parada a 11 metros da baliza. E disse-o após o Sporting ganhar ao Arouca, em casa, por 1-0, quando o jogo já fechava a pestana (o golo apareceu aos 93 minutos) — e depois de Nani falhar uma grande penalidade, a primeira que não meteu a bola dentro da baliza, neste campeonato.

E o FC Porto? Esse continua a reforçar a sua moda espanhola, viciada no passe e cada vez mais egoísta em não partilhar a bola com ninguém, foi a Paços de Ferreira vencer (1-0) e, pelo que joga e parece vir a jogar, dá mostras de que, esta temporada, dará a luta que nem sempre deu em 2013/14.

frase

“O sintético? Tivemos algumas dificuldades nos primeiros minutos, mas depois não. Este estádio é muito bonito, tem condições excelentes e só posso dizer que o Boavista é muito bem-vindo”, resumiu, após o encontro, Jorge Jesus, quando, já antes dele, dissera: “Temos dois sintéticos na nossa academia, onde fizemos alguns treinos. Não há desculpas, seja no sintético ou no pelado.”

resultados

V. Guimarães 3-0 Penafiel
Marítimo 2-1 Académica
Paços de Ferreira 0-1 FC Porto
Sporting 1-0 Arouca
Belenenses 3-1 Nacional da Madeira
Estoril 1-5 Rio Ave
Vitória de Setúbal 2-0 Gil Vicente
Boavista 0-1 Benfica
Moreirense 0-0 Sporting de Braga

Só à nona partida é que se viu um empate a acontecer na segunda jornada. Culpa, isto sim, do Sporting de Braga e do Moreirense, que não desataram um enfadonho nulo. Para a liga, em termos de números, é bom sinal — mostra que, nos restantes nove encontros, houve golos. Ao todo, marcaram-se 21 golos, e os obrigados devem-se ao Rio Ave (cinco), Vitória de Guimarães (três) e Belenenses (outros três).

Um trio de equipas que dá o moral a esta história: são elas que lideram o campeonato. Em pontos e no ataque, pois, à exceção dos vimaranenses (que já marcaram sete golos), todas somam, para já, meia dúzia de pontos e de golos. E acabamos a não falar assim tanto do que os grandes fizeram ou deixaram de fazer. Bom sinal? Talvez sim, para a liga portuguesa.