Os reality shows já habituaram os espectadores à revelação de segredos dos concorrentes, como se, por momentos, se esquecessem que estavam a ser filmados 24 horas por dia, ou aos queixumes no confessionário – uma sala onde os concorrentes podem falar com os produtores ou apresentadores do programa. Mas a China quis ir mais longe e decidiu tornar estes programas baseados na vida real, em vida real mesmo. A ideia é apresentar confissões de prisioneiros, o que, segundo o Vice, já ganhou grande popularidade naquele país.

A onda poderá ter começado com o julgamento em direto de Naw Kham, um traficante birmanês que foi capturado depois de matar 13 marinheiros chineses no rio Mekong. A audiência assistiu a todo o julgamento até o condenado ser levado para a injeção letal, e seguiu tudo ao minuto. Outro caso é o de Zhang Lidong, que baseado nas terríveis convicções da seita a que pertence espancou uma mulher até à morte. A situação foi registada por um vídeo amador, mas quando Zhang Lidong confessou o crime perante as câmaras de televisão não mostrou qualquer arrependimento.

Nem só de crimes violentos se alimentam estes confessionários. Guo Meimei, a Paris Hilton da China, era uma sensação nas redes sociais. Bonita e cheia de dinheiro, não hesitava em divulgar fotografias dos bens que possuía. Fez fortuna a cobrar 17 mil dólares (cerca de 13 mil euros) por cada noite que passava com um homem. Viciada no jogo, acabo por ser detida por realizar apostas ilegais durante o campeonato do mundo. Mas o maior crime aos olhos da população foi ter-se feito passar por membro da Cruz Vermelha chinesa, enquanto era amante de um dos principais angariadores de financiamento da organização, o que lançou uma onda de desconfiança entre os cidadãos.

Independentemente do tipo de crime, estas confissões televisivas têm em comum o facto de serem realizadas antes do julgamento. Mostrando, além das confissões, as marcas de violência a que os reclusos são sujeitos. Pelas marcas apresentadas, há suspeitas de que os prisioneiros podem ter sido torturados até se obterem as confissões, uma prática condenada pelo Tribunal Supremo de Justiça chinês.

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