A emissão de dívida pública, o crescimento da economia de 0,6% no primeiro semestre e a subida no ranking da competitividade. As notícias são boas e devem refletir-se nos discursos políticos. Quem o afirma é Marcelo Rebelo de Sousa. No seu comentário semanal na TVI, o professor disse ser esta uma boa altura para começar a introduzir o discurso do “crescimento económico”. E lembrou as palavras de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, durante a semana passada.

Sobre a reação de Maria Luís Albuquerque ao discurso de Draghi, em que afirmou que este “está a comprar tempo para a Europa”, Rebelo de Sousa disse tratar-se de um “discurso quadrado de execução orçamental”. Quando José Alberto de Carvalho lhe perguntou se a ministra das Finanças estava a ser mais troikista do que a troika, o comentador disse que sim. “Tem sido sempre”, disse.

Ainda sobre a ministra, Marcelo Rebelo de Sousa deixou o alerta. “Não é uma boa metodologia os ministros enviarem mensagens através da comunicação social”, referindo-se a Paulo Portas e a Maria Luís Albuquerque. Seria “mais fácil” os governantes falarem entre si, porque situações como esta “enfraqueciam a coligação”.

Marcelo Rebelo de Sousa referia-se aos comentários tecidos pela ministra das Finanças, na Universidade de Verão da JSD, em que disse que preferia baixas de impostos no IRC, em vez do IRS, sendo que o último tem sido um dos “cavalos de batalha” de Paulo Portas. O comentador acabou por referir que este tipo de situação demonstrava que poderia existir “uma tensão na coligação”.

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“O PSD  e o CDS têm de se entender rapidamente. Quanto mais depressa, melhor. Têm de passar a ter um discurso conjunto de crescimento”, adiantou.

Sobre a necessidade de baixar o IRC, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que esse já era um compromisso do Governo e que, na sua opinião, se existir de facto uma folga no IRS, o Governo deveria ir por aí, porque o que tem sido pedido aos portugueses tem sido “pesado”.

“Seria prudente, se houver folga e parece que pode haver, dar um sinal no IRS”, disse.

Costa sairá vencedor

Sobre as primárias no PS e as eleições para as federações, que decorreram neste fim de semana, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a tendência parece ser a de que António Costa suba e António José Seguro desça.

“Costa tem mais apoio dos simpatizantes do que tem o Seguro, que tem mais apoio dos militantes”, revelou, acrescentando que, no final, o que importa é saber quem tem mas condições para ganhar a Passos Coelho.

Acerca da crise no PS, caso António Costa vença as primárias, o comentador referiu que “no dia seguinte haver um líder, o cheiro a poder unifica os partidos”, tendo em conta a sua experiência pessoal. “Não diria que passam todos a ‘costistas’, mas são todos socialistas”, referiu, lembrando que o adversário passará a ser Pedro Passos Coelho.

E aponta um erro a Seguro: o de fazer um a”campanha partidária virada para dentro”.