O número de portugueses que se candidataram ao Programa de Mentores para Imigrantes, a ser lançado no final do mês, já ultrapassa a centena, disse à Lusa o novo alto-comissário para as Migrações.

Pedro Calado referiu o projeto de mentoria como uma das medidas para “reforçar a integração dos imigrantes, sobretudo à escala local”.

O programa ainda está a aceitar candidaturas (http://mentores.acm.gov.pt). “Superámos os 100 candidatos, o que é um número simpático, mas acreditamos que ainda vai crescer, porque grandes empresas já manifestaram interesse em aderir, por via da responsabilidade social”, disse o responsável.

Este projeto “faz toda a diferença”, pois ter alguém autóctone a coresponsabilizar-se pelo processo de integração de um imigrante “facilita” esse mesmo processo, considera Pedro Calado, sublinhando ainda que tem “custos reduzidos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pedro Calado adiantou ainda que vai abrir no dia 15 novo processo de candidaturas ao Programa Escolhas, dirigido a projetos na área do emprego para jovens.

Para breve está também a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, para “criar uma espécie de centro nacional de apoio ao imigrante virtual”, referiu o responsável.

O objetivo é desburocratizar os processos de candidatura à entrada e permanência em Portugal, “para que a pessoa não tenha que vir fisicamente a Lisboa, Porto ou Setúbal, ou o imigrante paquistanês não tenha que ir fazer 500 quilómetros a um consulado para ter informação”, que deve ser “fácil, acessível, multilingue”, explicou, lembrando que, “hoje em dia, é possível entregarmos o IRS online”, por exemplo.

“Queremos muito apostar no ‘simplex migrante’. Não faz sentido, no século XXI, continuarmos a ter processos materializados em papel, para tudo. A ideia é que quem quer vir para Portugal tenha um sistema muito simples, muito amigável, de preferência online”, sustenta.

Reconhecendo a complexidade do assunto, pois implica cruzamento de informação, segurança e confidencialidade de dados, Pedro Calado realça que a ideia “levará o tempo que é necessário” a concretizar-se. “Mas é claramente uma prioridade, espero nos próximos dois, três anos ter algo deste género a funcionar”, estima.

Por outro lado, o ACM vai também avaliar os serviços migratórios, que, à luz de 2014, “podem eventualmente ser revistos”.

Para tal, explicou Pedro Calado, será feito “um estudo para perceber se há novas necessidades”, nomeadamente por parte dos emigrantes portugueses, e “até que ponto outros perfis de imigrantes” estão a recorrer” aos serviços que existem. Ainda que se assista, no geral, a um decréscimo da imigração para Portugal, “determinados perfis aumentaram exponencialmente desde 2010”, como é o caso dos estudantes internacionais que vêm para as universidades portuguesas, que “mais do que duplicaram”, apontou.