O Governo espanhol espera arrancar em outubro o processo de privatização de 49% do operador aeroportuário AENA, vendendo 21% a investidores de referência, antes da venda em bolsa, do restante, em novembro.

Rafael Catalá, secretário de Estado de Infraestruturas, Transportes e Habitação, disse hoje que “há várias empresas interessadas” no processo de privatização, aprovado pelo Governo em junho.

Num encontro organizado pelo Executive Forum Espanha, Catalá disse que o Governo está a negociar com “investidores de referência” – grandes empresas e fundos – a quem espera vender 21% do capital da AENA, possivelmente em pacotes de 7%.

“Se tudo correr bem, e de momento tudo está a correr bem, a AENA estará na Bolsa de Madrid nos primeiros dias de novembro”, disse, afirmando que com o atual Governo se duplicou o resultado bruto de exploração do operador.

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Na sua intervenção Catalá apresentou cálculos provisórios sobre o que poderá ser o valor da AENA, cujo processo de privatização “histórico” tem dado solavancos nos últimos anos.

Assim, explicou, deve usar-se como base o EBITDA (resultados operacionais reais antes de provisões, impostos e amortizações) da empresa – cerca de 1.700 milhões de euros -, valor que multiplicou por 10 e ao que subtraiu, depois, a dívida – cerca de 11 mil milhões de euros.

Se estes fossem os cálculos usados, disse, o valor da empresa seria de 6.000 milhões de euros e em bolsa seriam colocados cerca de 1.680 milhões de euros (28% do capital).

“Trata-se de um processo complexo. Já veremos depois o valor final”, disse, insistindo que o processo permitirá à AENA manter-se como operador de referência.

“Terá capacidade de gerar valor tanto para os cidadãos, dado que o Estado continuará a ter o controlo do grupo com 51% do capital, como para os seus novos acionistas e investidores”, sublinhou.

Recorde-se que em junho o Governo alterou a sua previsão inicial para a privatização do operador, reduzindo de 60 para 49% a percentagem do capital da AENA que será privatizada.

Com a redução da privatização prevista, deixando o controlo nas mãos do Estado, o Ministério do Fomento conseguiu, assim, ultrapassar algumas críticas dentro do próprio executivo.

Ao manter-se abaixo dos 50%, o Governo evita também ter de reformar a atual lei de constituição da Aena Aeroportos, aprovada pelo anterior Governo.

O calendário de privatização começou com a publicação em julho do novo quadro regulador do setor aéreo, estando a decorrer as negociações com os investidores de referência e, finalmente, em outubro, a distribuição do folheto de Operação Pública de Venda (OPV) à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV).

Pouco depois de tomar posse, em janeiro de 2012, o Governo espanhol cancelou o processo de privatização da AENA, que tinha sido iniciado pelo anterior executivo, considerando que, na ocasião, os ativos da AENA estavam muito subvalorizados.

Inicialmente, o objetivo era avançar para a privatização de 90,5% dos aeroportos das duas maiores cidades espanholas, em Madrid e Barcelona, com o PP, na oposição quando a iniciativa foi aprovada, a criticar os planos que esperavam gerar receitas de 5,3 mil milhões de euros.

Na corrida à compra dos dois ativos estiveram os consórcios da GMR Infraestruturas (Indiano), o aeroporto de Changi, de Singapura, os espanhóis da Ferrovial, os Aeroportos de Paris e os alemães da Fraport, entre outros.

O anterior governo espanhol previa também vender 49% da AENA, o operador dos aeroportos espanhóis, mas nunca iniciou o processo.