O Grupo Ángeles aumentou o preço da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Espírito Santo Saúde e o grupo José de Mello Saúde (JMS) vai reagir para continuar na corrida. De acordo com a imprensa económica desta segunda-feira, a equipa de Salvador de Mello, que controla os hospitais CUF, já tem tudo acertado com os bancos financiadores para oferecer quase mais 20 milhões pela ES Saúde. Mas o prazo apertado da OPA dos mexicanos está a condicionar a operação da JMS, que tem de registar a operação junto da CMVM até sexta-feira mas está dependente da autorização da Autoridade da Concorrência.

A decisão da revisão em alta, que surge em consequência direta do aumento da oferta dos mexicanos para 4,50 euros por ação, terá de ser oficializada até sexta-feira, escreve o Jornal de Negócios. É que, segundo o previsto na lei, qualquer aumento da contrapartida de ofertas concorrentes tem de acontecer num prazo de quatro dias depois do início da primeira oferta – e a oferta do grupo mexicano começa precisamente esta segunda-feira. O que torna a situação difícil para o grupo Mello, uma vez que ainda precisa do aval da Autoridade da Concorrência para poder avançar.

Segundo o Negócios, a Autoridade da Concorrência já recebeu o pedido do grupo português mas ainda deve demorar algum tempo até se pronunciar, já que tem um prazo mínimo de 60 dias para o fazer – se o fizesse em quatro dias, seria tempo recorde. O Diário Económico acrescenta que a José de Mello Saúde não comentou a situação – nem o aumento da oferta dos mexicanos, nem a possibilidade de vir a rever em alta.

“Perante novas circunstâncias obviamente que teremos de olhar para essas novas circunstâncias e atuar de forma adequada”, admitira já Salvador de Mello sobre a possibilidade de rever o preço caso a Ángeles reagisse.

Mesmo com a revisão da contrapartida, e obrigada a esperar pela decisão da AdC, a José de Mello só poderá prosseguir com a oferta se os acionistas rejeitarem a oferta do Grupo Ángeles. A JMS está ainda obrigada a esperar pelo parecer do Ministério da Saúde e das Finanças relativo à alteração do controlo do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, que é gerido em regime de Parceria Público-Privada. Já o Grupo Ángeles recebeu do Executivo autorização para passar a controlar o Hospital de Loures na sexta-feira, dia em que registou a oferta.

Entretanto, a Espírito Santo Saúde – presidida por Isabel Vaz – já se tinha pronunciado sobre a OPA do grupo mexicano, mostrando-se favorável mas considerando que os 4,30 euros por ação oferecidos na altura podiam “não reflectir a totalidade de um potencial prémio de controlo”, lembra o Económico.

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