Hong Kong, China, 27 out (Lusa) – Um mês após o início dos protestos em Hong Kong, o movimento pró-democracia não dá sinais de abrandar, ao mesmo tempo que as negociações com o Governo se têm mostrado infrutíferas.

Foi na noite de 27 de setembro que o fundador do Occupy Central, Benny Tai, declarou o início antecipado do movimento de desobediência civil, juntando-se às multidões que já ocupavam as ruas em apoio ao boicote às aulas iniciado pelos estudantes do território.

As manifestações paralisaram as ruas e ganharam novo fôlego depois de a polícia ter recorrido ao uso de gás lacrimogéneo e pimenta para dispersar as multidões. Os protestos acabaram por se espalhar além da zona do complexo do Governo, em Admiralty, estendendo-se até Mong Kok e Causeway Bay, com uma breve ocupação de Tsim Sha Tsui.

O movimento atraiu a atenção de meios de comunicação de todo o mundo e conseguiu mesmo gerar manifestações de apoio em várias cidades do globo.

No entanto, um mês após o seu início, não há fim à vista para o problema, com as negociações entre os líderes estudantis e o Governo a não terem resultados.

O plano original de Benny Tai, lembra o South China Morining Post, era mobilizar 10.000 pessoas para bloquear as ruas do distrito financeiro da cidade, caso o Governo não autorizasse o que consideram o sufrágio universal “genuíno” para eleger o chefe do Executivo em 2017. Esperava-se uma concentração de três dias, lembra o jornal.

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Percebendo que eram os jovens que estavam a tomar as rédeas do movimento, os organizadores do Occupy acabaram por se posicionar como mediadores dos estudantes.

No entanto, a mudança de liderança resultou num protesto menos organizado, que implicou discussões a três, entre a Federação de Estudantes, o movimento Scholarism e os líderes do Occupy, destaca o jornal.

Tornando-se óbvio que os manifestantes não iriam abandonar as ruas, agendaram-se negociações entre o Governo, lideradas pela secretária-chefe Carrie Lam, e a Federação de Estudantes, com Alex Chow à cabeça.

As negociações não surtiram, no entanto, qualquer efeito, com os estudantes a questionarem o grau de comprometimento do Executivo.

A nomeação civil dos candidatos a chefe do Executivo, pedida pelos estudantes, foi rejeitada pelos representantes do Governo, que insistiram que Pequim jamais autorizaria esse cenário.

Prometeram, no entanto, informar as autoridades da China Continental sobre os mais recentes acontecimentos e sugerir que fosse criada uma plataforma para discutir a reforma política além de 2017.

Os líderes estudantis consideraram estas ofertas pouco concretas e pediram que o Governo local avançasse com informação clara sobre as consequências dessas promessas.

Ainda assim, na passada sexta-feira, os líderes do movimento anunciaram a realização de um referendo para decidir se devem aceitar as propostas que o governo lhes apresentou, referendo esse que acabou por ser cancelado.

O movimento pró-democracia opõe-se à proposta apresentada pelo Governo Central para a eleição do chefe do executivo em 2017, que prevê que os candidatos sejam pré-selecionados por uma comissão, impedindo o que consideram um “genuíno” sufrágio universal.

ISG // JPS

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