A Oi informou nesta terça-feira o mercado que o seu conselho de administração decidiu por “unanimidade rechaçar quaisquer propostas para alteração” dos termos da fusão com a Portugal Telecom, no quadro da oferta pública de aquisição (OPA) lançada por Isabel dos Santos sobre a empresa portuguesa.

No entanto, a unanimidade do conselho de administração deixou de fora os dois representantes da PT SGPS, Rafael Mora e Shakhaf Wine, que participaram ontem na reunião da empresa brasileira que analisou a OPA da empresária angolana, e, em particular, as condições de sucesso que exigiam a suspensão do processo de fusão da empresa portuguesa com a Oi. Os dois representantes da PT não votaram este ponto, confirmou o Observador junto de fonte oficial da empresa portuguesa.

Em comunicado emitido ao final da tarde, a empresa portuguesa explica que há diversas condições de lançamento da oferta “cuja verificação não está na disposição da PT SGPS nem depende de deliberação dos seus órgãos sociais. Por outro lado, o conselho de administração da Oi já divulgou ao mercado a sua decisão de não viabilizar as condições que necessitam do seu consentimento”.

Depois de conhecida a oposição da Oi a qualquer condição que envolva a travagem ou suspensão do processo de fusão em curso com a PT, fonte oficial de Isabel dos Santos manifestou a disponibilidade da empresária para deixar cair as condições que exigem a suspensão da fusão e a eliminação dos limites aos direitos de voto na empresa que resultará da fusão.

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Não houve contudo referência a uma eventual revisão do preço. A oferta de 1,35 euros por ação anunciada domingo por Isabel dos Santos foi ultrapassada logo na segunda-feira. Ontem as ações fecharam nos 1,426 euros, acumulando ganhos de 17% desde o anúncio da OPA. Analistas consideram que, para além de alterar as condições de sucesso, é preciso também aumentar o preço para a operação ir para a frente.

Ainda a propósito da oferta de Isabel dos Santos, a PT esclarece que se irá pronunciar sobre a oportunidade e condições da oferta, “se e quando os projetos de prospeto e de anúncio de lançamento lhe venham a ser submetidos”.

Representantes da PT exigem à Oi que fundamente a venda da PT Portugal

Para além da OPA de Isabel dos Santos, o conselho de administração da Oi também analisou a proposta de compra feita na semana passada pela Altice pela PT Portugal. Os franceses propuseram à Oi a compra da operação portuguesa por 7.025 milhões de euros. Para este negócio avançar, é preciso que a PT SGPS, que é a maior acionista da Oi, não exerça o direito de veto que tem sobre a operação.

De acordo com informação recolhida pelo Observador, os representantes da PT SGSP não se pronunciaram sobre a oferta da Altice que foi apresentada pela Oi na reunião de segunda-feira. Antes de o fazer, querem que lhes seja facultada informação que fundamente o negócio, ou seja, querem saber qual a racionalidade económica por detrás da transação e para que vai ser usado o dinheiro.

A Oi está disposta a vender a PT Portugal, de forma a obter um encaixe que lhe permita entrar como compradora no processo de consolidação do mercado brasileiro de telecomunicações. Mas a venda da PT Portugal está a levantar contestação em Portugal. A manutenção da unidade do grupo Portugal Telecom é um dos objetivos assumidos na oferta feita este domingo por Isabel dos Santos.