Francisco Machado da Cruz, o contabilista da Espírito Santo International (ESI), está “disponível” para ser ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES. Fernando Negrão, que lidera os trabalhos da comissão, indicou esta quarta-feira – minutos antes do início da audição a Pedro Queiroz Pereira – que em breve será agendada a audição ao contabilista que tem sido referido várias vezes nas audições da Comissão.

Machado da Cruz “não está desaparecido. Não está em parte incerta”, afirmou Fernando Negrão.

O presidente da comissão acrescentou que o contabilista “tem estado fora do país” mas que está “disponível” para ser ouvido. Uma reunião de coordenação da Comissão Parlamentar de Inquérito irá nos próximos dias agendar a audição ao contabilista.

O antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, disse terça-feira na comissão de inquérito que não via Machado da Cruz “há largos, largos meses”. O antigo presidente do BES salientou que o contabilista Machado da Cruz prestou “bons serviços” ao grupo ao longo de mais de 20 anos mas que, perto do colapso, a família ficou “surpreendida” pelas declarações do contabilista a indicar que havia problemas nas contas do grupo.

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Salgado garantiu que apenas “no final de novembro de 2013″ foi feita uma análise para trás e se verificou que havia incongruências nas contas, garante Salgado. Aí, Salgado diz que Machado da Cruz reviu a sua posição e assumiu a responsabilidade pelos problemas das contas, pedindo a demissão.

Já José Maria Ricciardi, presidente do BESI, rejeitou na audição de terça-feira a tese de que as culpas sobre as situações irregulares detetadas na Espírito Santo International (ESI) possam ser imputadas ao contabilista, Machado da Cruz. E disse também que ainda há poucos dias tinha estado com o contabilista, em Lisboa.

Insistiu, também, que o Grupo Espírito Santo (GES) tinha uma gestão “absolutamente centralizadora” e acrescenta: “fico surpreendido que agora se diga que a culpa é do contabilista” e que “essa liderança” não saiba de nada do que se passava.

O Diário Económico avança esta quarta-feira que Francisco Machado da Cruz foi ouvido recentemente pelo supervisor no âmbito do processo contra-ordenacional destinado a averiguar responsabilidades no que se passou no banco. O contabilista, ou ‘commissaire aux comptes’, foi ao Banco de Portugal (BdP) dizer que Ricardo Salgado sabia de tudo o que se passava na ESI.

Machado da Cruz começou, de facto, por dizer que era com Salgado e José Castella, ‘controller’ financeiro, que tudo era decidido. As contas eram aprovadas antes de serem revelados a outros. Depois, assumiu a total responsabilidade pelos erros. Agora, segundo o Económico, terá regressado à versão original, de que Salgado sempre soube de tudo o que se passava na ESI.