Os Estados Unidos poderão, dentro em breve, receber luz verde para tornar permanente a presença dos 850 marines norte-americanos na base espanhola de Morón de la Frontera (Sevilha). A acontecer, os EUA vão transformar o complexo militar espanhol na base permanente de resposta a crises no continente africano – uma parte importante da Africom, que se instalou em Estugarda em 2008, ganhando assim a corrida a Portugal que queria esse comando nas Lajes, como alternativa ao seu esvaziamento.

Segundo o El País, o Conselho de Ministros espanhol vai autorizar os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa a negociar os termos do acordo com o Executivo norte-americano, o que parece indicar que está disposto a ir de encontro das pretensões dos Estados Unidos – a Administração Obama quer fazer de Morón de la Frontera o principal quartel-general para a luta contra os jihadistas e, para isso, aumentar o número de militares na base.

Ora, a revisão bilateral dos acordos que definem os termos previstos para o uso das bases espanholas por forças militares aliadas, como pretendem os norte-americanos, tem caráter de Tratado Internacional, logo, qualquer emenda terá sempre de ser aprovada pelo Parlamento espanhol, como está previsto na Lei Fundamental. Algo que, apesar de não ser completamente inédito na história daquele país, não se avizinha nada fácil.

É que a presença do contingente militar norte-americano em Morón de la Frontera tem caráter temporário e o acordo expira a 19 de abril – um prazo demasiado curto para negociar e aprovar em sede parlamentar uma alteração dos tratados. Ainda assim, nenhuma das partes quer deixar cair o assunto e arriscar que seja um novo Governo espanhol a liderar as negociações, como analisa o El País. O caminho mais provável será um novo prolongamento para a saída do contingente militar norte-americano da base sevilhana – que, neste momento, se cifra em 850 marines (1.100 em períodos de crise) e vários aviões norte-americanos.

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Apesar das negociações entre Espanha e os Estados Unidos parecerem bem encaminhadas, existem obstáculos por ultrapassar: o Governo liderado por Mariano Rajoy quer conservar o controlo operacional e continuar com a última palavra sobre o aumento do contingente militar em situações de crise. Além disso, a base de Morón de la Frontera não está preparada para receber tantos militares, o que implicaria alterações nas infraestruturas do complexo militar que Espanha não pretende suportar, como lembra o jornal espanhol.

Apesar da política de contenção de custos assumida pelos EUA em relação à base aérea açoriana das Lajes e a outras 14 bases militares em toda a Europa, os norte-americanos parecem não olhar a meios para tornar Morón de la Frontera uma importante base de forças norte-americanas.