O acesso dos bancos comerciais angolanos a divisas caiu 7,6 por cento entre novembro e dezembro, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA) reunidos hoje pela Lusa e que comprovam as dificuldades sentidas por clientes e empresas.

De acordo com os mais recentes dados do BNA, os bancos comerciais adquiriram divisas no valor de 2.092 milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) em dezembro último.

Deste total, 1.783 milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) foram vendidos pelo BNA, em leilões, aos bancos comerciais. Estes, por sua vez, compraram aos clientes apenas 309 milhões de dólares (272 milhões de euros) em divisas.

Desde novembro que o acesso a divisas em Angola se agravou, complicando nomeadamente o pagamento das empresas a fornecedores internacionais e fazendo a taxa de câmbio disparar nos mercados informais.

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Em causa está a diminuição de receitas de venda do barril de crude por Angola, face à redução da cotação internacional. A situação fez reduzir a entrada de divisas no país, complicando também o envio de remessas de trabalhadores para o exterior.

No mês de novembro, os bancos comerciais tinham conseguido adquirir 2.266 milhões de dólares (2 mil milhões de euros) em divisas no mercado cambial. Deste total, 1.520 milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) foram adquiridos nos habituais leilões realizados pelo BNA.

As disponibilidades dos bancos angolanos caíram desta forma cerca de 7,6% entre novembro e dezembro.

Dados provisórios, também compilados pela Lusa, indicam que as vendas diretas do BNA aos bancos comerciais atingiram no total de quatro semanas de janeiro 1.123 milhões de dólares (990 milhões de euros), um novo mínimo.

A situação afeta sobretudo empresas, cujos pagamentos ao exterior estão a ser atrasados, conforme admitiu recentemente, questionada pela Lusa, a ministra do Comércio angolana, Rosa Pacavira.

A posição foi transmitida pela governante, na sexta-feira, depois de se reunir com representantes dos vários bancos e com o governador do BNA, tendo anunciado que o banco central está a reforçar a disponibilização de divisas aos bancos comerciais para desbloquear o pagamento de produtos importados, nomeadamente alimentos e medicamentos.

De acordo com Rosa Pacavira, verificam-se “constrangimentos relativos aos pagamentos” de mercadoria importada, com remessas em atraso desde novembro, devido à escassez de divisas.

“O BNA está neste momento a disponibilizar remessas para os bancos, de forma gradual, para que então se possa fazer o pagamento daqueles importadores de produtos alimentares e medicamentos, essencialmente. Para que tenhamos então os produtos a entrarem para o país”, afirmou a governante, no final do encontro.