Putin é autista. Fidel Castro egoísta. Kadafi tinha um distúrbio de personalidade e Hitler era um masoquista. Os perfis foram feitos por especialistas ao serviço da própria Agência Central de Inteligência (CIA). O mais recente, embora tenha sido feito em 2008, foi divulgado pelo USA Today e pela Politico e refere-se ao líder russo, Vladimir Putin.

Foram várias horas de visualização de filmagens do chefe de Estado russo para concluir que ele sofre de um problema neurológico normalmente “identificado pelos principais neurocientistas como a síndrome de Asperger, um transtorno autista que afeta todas as suas decisões”. O estudo é assinado por especialistas que assumem que a investigação é um “work in progress”, ou seja, ainda não está terminado. E baseia-se, somente e apenas, na visualização das imagens. O porta-voz de Putin disse que este relatório era “estupidez” e que nem “é digno de comentário.”

Esta não foi a primeira vez que a CIA traçou um diagnóstico dos líderes estrangeiros. A CIA tem uma longa história de elaboração de perfis psicológicos e políticos de figuras internacionais, com diferentes graus de profundidade e diferentes formas de análise. Aqui estão alguns:

Fidel Castro, o egoísta

O líder cubano Fidel Castro não é “louco” mas tem uma personalidade muito “instável” e bastante vulnerável a certas situações. Sofre de uma enorme “necessidade” de ser reconhecido e adorado pelas massas, refere o relatório (que já foi) secreto feito em 1961.

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Castro tem uma necessidade constante de se “rebelar, para encontrar um adversário, e para estender o seu poder pessoal, ao derrubar a autoridade existente”. Sempre que alguém o critica, ele “torna-se tão emocionalmente instável” que perde o contacto com a realidade. Diz a CIA que o “seu calcanhar de Aquiles” é o “egoísmo”.

Jean-Bertrand Aristide, psicopata?

O político haitiano Jean-Bertrand Aristide também passou pelo crivo dos especialistas da CIA em 1991
O perfil psicológico do ex-presidente foi feito depois de ele ter sido deposto por um golpe militar. Na altura o presidente Clinton pensava em apoiá-lo, mas o relatório apresentado ao Congresso iniciou-se uma campanha para retirar o apoio americano ao líder exilado.

De acordo com o perfil, Aristide sofria de psicose maníaco-depressiva. Já tinha, até, sido assistido num hospital em Montreal, no início da década de 1980, e até estava a tomar um antipsicótico. A CIA também afirmou que “Aristide era propenso à violência e poderia tentar matar os seus adversários políticos”.

Baseando-se neste relatório, o senador Jesse Helms (RN.C.) chegou a atacar Aristide chamando-o “psicopata” e “um assassino demonstrável.” Aristide e o hospital negaram sempre que o político estivesse a fazer qualquer tratamento.

Kadafi com uma crise de meia idade

No início da década de 80, a CIA queria dar informações ao então presidente Ronald Reagan sobre o homem forte da Líbia. Não, ele não foi visto como “psicótico”, mas sofria sim “de uma perturbação de personalidade grave”. Em situações de stresse, o homem que chegou ao governo com um golpe de estado em 1969 e presidiu o país até 2011, tinha um comportamento “bizarro”.

Um perfil elaborado mais tarde acabou por atribuir o seu comportamento a “uma crise de meia idade”. Um pequeno pormenor, divulgado pela Mother Jones, é que o presidente Reagan não gostava de ler, então a CIA começou a apresentar-lhe os perfis dos grandes líderes políticos em vídeos narrados e com música de fundo.

Saddam Hussein, sede de poder

Um relatório concluído em 1990 revelava que Saddam Hussein não sofria de qualquer transtorno psicológico, embora não fosse esse o entendimento geral. O ex-líder iraquiano tinha, de facto, uma grande “sede de poder” e daí recorrer, por vezes, a caminhos “extremos de violência”, incluindo “o uso de armas de destruição em massa”.

Hitler, o masoquista

Em 1943, o organismo que antecedeu a CIA – o Escritório de Serviços Estratégicos, da Segunda Guerra Mundial – também traçou o perfil do líder alemão, Adolf Hitler, com base em observações remotas. Num relatório de 240 páginas, os especialistas concluíram que Hitler era um “narcisista neurótico, inseguro, impotente, masoquista e suicida”.

Hitler era um “exemplo” de alguém marcado por “esforços intensos e persisitentes para superar deficiências iniciais”, ou seja, “pontos fracos e humilhações” de infância. Analisando a sua obra “Mein Kampf”, os especialistas concluíram ainda que o ditador sofria de perturbações sexuais, não conseguindo “consumar o ato sexual de forma normal”.