Iosif Kobzon é uma estrela desde os anos 60, recebendo o prémio de artista da União Soviética em 1980, tendo sido a primeira personalidade do mundo artístico a visitar (e atuar em) Chernobyl após o acidente em 1986, e, mais recentemente, foi mesmo eleito deputado à Duma, câmara baixa do parlamento russo. Agora pode juntar mais um feito ao seu extenso currículo ao ter sido adicionado na segunda-feira à lista de pessoas sancionadas pela União Europeia por apoiarem de alguma forma os separatistas pró-russos na Ucrânia.

Devido à sua fama e à sua voz, Kobzon é conhecido como o Frank Sinatra russo, embora as semelhanças com o cantor norte-americano fiquem por aí. Iosif Kobzon nasceu em 1937 na cidade de Dnipropetrovsk, perto de Donetsk, no Leste da Ucrânia e começou a sua carreira cantando para as tropas soviéticas. Ascende ao estrelato nos anos 60 e teve o seu período dourado durante os anos de Brezhnev à frente da URSS, integrando grande parte dos espetáculos oficiais promovidos pelo governo e das visitas oficiais a países estrangeiros.

Fama e prestígio que se mantêm até hoje, agora que Kobzon é deputado – entre 2002 e 2007 dirigiu mesmo a comissão de Cultura da Duma. Kobzon já entrou para o livro do Guiness como o artista russo mais condecorado, cantou com artistas internacionais e até há uma estátua sua em Donetsk.

Agora que é uma das figuras sancionada pela União Europeia, Iosif Kobzon não parece estar muito preocupado por ver os seus bens congelados, nem poder viajar para os 28 Estados-membros. “Eu cuspo nas sanções […]. Os meus inimigos acusam-me de cantar em Donbas e na Crimeia. Eu vou lá voltar”, tem dito o cantor em várias entrevistas, segundo relata a BBC.

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O único problema ao ser acrescentado à lista negra da União Europeia, que já conta com 151 pessoas e 37 instituições que apoiam os rebeldes pró-russos, é que assim deixará de poder visitar a filha e os netos que vivem no Reino Unido. No entanto, a rejeição ao tentar obter vistos já é aparentemente comum para Kobzon, que desde 1994 tenta obter um visto para ir aos EUA, mas que lhe é consistentemente negado devido ao seu alegado envolvimento com a máfia russa.

Em março do ano passado, Iosif Kobzon assinou uma carta em que apoiava a anexação da Crimeia por parte da Rússia e já se deslocou à frente de combate, perto de Donetsk para atuar para os rebeldes pró-Rússia. Este envolvimento no conflito valeu-lhe até a distinção de cônsul-honorário da autoproclamada república de Donetsk.

Para além de Donetsk, Kobzon atuou também noutros teatros de guerra para as tropas soviéticas e depois para as tropas russas como o Afeganistão ou a Tchetchénia.