Começaram por ser números. 150. Mais tarde, os números passaram a nacionalidades, espanhola, alemã, belga, turca… Só depois as vítimas do acidente, que envolveu o Airbus 320 da Germanwings, tiveram idades. E nomes. Entre os mortos, seis faziam parte do pessoal de bordo, eram pilotos e assistentes. Soube-se que havia dois bebés e, ainda, 16 adolescentes que estavam em Barcelona na sequência de um intercâmbio. Só mais tarde chegaram as histórias por trás de cada um desses nomes. O Observador conta-lhe algumas delas. Poucas, para tantas vidas que se perderam em tão poucos minutos, esta terça-feira na zona dos Alpes franceses.

Os cantores de ópera

Tinham viajado para Barcelona para uma prestação no Grande Teatro do Liceu. Cantaram a ópera do compositor alemão Richard Wagner, a “Siegfried”. Ele, de voz baixa de barítono, encarnou o papel do anão Alberich. Ela encarnou a deusa Erda. Os dois cantores de ópera, Oleg Bryjak e Maria Radner, apanharam o avião da Airbus 320 com destino a Dusseldorf para regressarem a casa. Ela seguia acompanhada do marido e do filho ainda bebé, refere a ABC.es. Foram quatro das 150 vítimas do avião que tombou na manhã de terça-feira.

O Grande Teatro do Liceu colocou as bandeiras a meia haste. A direção mandou fazer um minuto de silêncio em memória das vítimas. O diretor da Ópera Alemã do Rhein já expressou as suas condolências à família de Bryjak. “Perdemos um grande artista e um grande homem. Estamos chocados”, disse Christoph Meyer, citado pela Associated Press.

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Os estudantes alemães

Uma semana passada em Barcelona naquilo que seria um intercâmbio com alunos espanhóis. Um acordo entre dois estabelecimentos de ensino que existia desde 2008: em dezembro os espanhóis foram à Alemanha e agora eram os alemães que tinham ido ao Instituto de Llinars. Foram 16 os alunos alemães que, acompanhados de duas professoras, embarcaram no avião que viria a cair nos Alpes sem deixar sobreviventes. A confirmação foi feita pela própria ministra da Educação Regional de Renânia do Norte de Vestfália.

Os jovens eram naturais de Haltern Am See, uma cidade de pouco mais de trinta e sete mil habitantes, localizada entre Dusseldorf e Dortmund. Frequentavam o liceu Joseph König. O presidente da autarquia, Bodo Klimpel, mostrou-se muito afetado com o acidente. “É o dia mais triste da história da vila”, disse. Durante esta terça-feira foram acesas várias velas à entrada da escola destes estudantes. Na quarta-feira, as portas da escola estarão abertas, mas as aulas não terão o seu curso normal. Os alunos vão ser convidados a falar do drama que estão a viver.

No avião, seguia um total de 67 cidadãos alemães, alguns eram turistas que tinham ido visitar Barcelona e regressavam à Alemanha.

45 espanhóis. O País está de luto

Três dias de luto nacional. Espanha está vestida de negro com 45 cidadãos mortos a caminho da Alemanha. Entre eles, a mulher de um chefe de gabinete do ex-eurodeputado e líder do ERC, Oriol Junqueras. A mulher viajava em trabalho. Dois empregados da marca espanhola Desigual e vários empregados de uma empresa sedeada em Barcelona que se deslocavam a Dusseldorf para um salão de tecnologia também figuram entre os mortos. Entre as vítimas há, ainda, um delegado sindical e um diretor de recursos humanos da Delphi, que se deslocavam à Alemanha para uma reunião na sede da multinacional. A empresa Nutriexport também já comunicou que perdeu quatro funcionários.

Segundo o ElMundo, há uma avó, uma filha e uma neta que também perderam a vida. Também um casal que acabava de casar no último sábado e se preparava para mudar e viver em Dusseldorf morreu no trágico acidente.

Os pequenos pormenores que vão sendo libertados sobre as vítimas revelam que há mais nacionalidades que se sentaram naquele avião. O governo colombiano confirmou ter perdido dois cidadãos. María del Pilar Tejada, 33 anos, estava a fazer um doutoramento em Economia Ambiental na Universidade de Colonia. Luís Aragón, 36 anos, consultor de uma empresa na Guiné Equatorial. Da Austrália, soube-se que uma mulher e o filho já adultos, originários do estado de Victoria, também morreram naquele voo.

Há horas de sorte

Uma equipa da 3ª divisão sueca de futebol escapou à morte. Os jogadores tinham previsto apanhar o voo da Germanwings, mas por causa da correspondência em Dusseldorf preferiram escolher um voo que passasse em Munique e em Zurique. “Podemos dizer que tivemos mesmo muita sorte”, disse o diretor desportivo do Dalkurd FF. A equipa estava em estágio na Catalunha e regressava a casa, na Suécia.

(Artigo corrigido a 25/03/2015 na informação relativa à cidade de Haltern am See)