O Presidente Nicolás Maduro saudou hoje o seu homólogo norte-americano pela “retificação parcial” do decreto que declarava a Venezuela “uma ameaça inusitada” para os Estados Unidos, sublinhando que Caracas está pronta para uma “nova era” nas relações diplomáticas.

“A Venezuela está preparada e pronta para iniciar uma nova era nas relações com o Governo dos Estados Unidos”, disse Nicolás Maduro em Caracas, durante uma cerimónia no palácio presidencial de Miraflores, em que recebeu as caixas com 13.447.651 de assinaturas de venezuelanos pedindo a Barack Obama para revogar o polémico decreto.

Nicolás Maduro questionou Barack Obama e pediu-lhe uma resposta sobre o que o levou a assinar tal decreto, frisando que se houver resposta “será possível abrir novos caminhos de paz para a diplomacia da verdade” e que as mais recentes declarações do Presidente norte-americano são uma vitória dos venezuelanos que “vale muito e nunca tinha acontecido na história”.

A 09 de março último, o Presidente Barack Obama ordenou a aplicação de novas sanções a sete altos responsáveis venezuelanos, atuais e antigos, que acusou de violação dos direitos humanos.

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Obama declarou igualmente que existe uma situação de “emergência nacional” nos Estados Unidos devido ao “risco inusitado e extraordinário” que representa a situação na Venezuela para a segurança norte-americana.

Quinta-feira, numa entrevista exclusiva à agência espanhola Efe, Barack Obama considerou que nem os EUA nem o continente devem “manter silêncio” perante a situação naquele país, que atualmente enfrenta “enormes desafios” e com cujo Governo Washington continua aberto ao “diálogo direto”.

“Não cremos que a Venezuela seja uma ameaça para os Estados Unidos, e os Estados Unidos não são uma ameaça para o Governo da Venezuela, mas continuamos muito preocupados pela forma como o Governo venezuelano continua a esforçar-se por intimidar os seus adversários políticos, incluindo detenções e acusações por motivos políticos de representantes eleitos, e a erosão contínua dos direitos humanos”, sublinhou.

A ordem executiva com que Obama autorizou em março sanções a membros do Governo de Nicolás Maduro e declarou a Venezuela “uma ameaça” para a segurança dos Estados Unidos agravou as já tensas relações bilaterais.

Mas os dois Governos deram na quarta-feira um passo que pode ajudar a reduzir as tensões em vésperas da Cimeira do Panamá, com a reunião em Caracas entre o alto conselheiro do departamento de Estado norte-americano Thomas Shannon e a chefe da diplomacia venezuelana, Delcy Rodríguez, que foi o encontro bilateral ao mais alto nível em vários anos.

Na opinião do Presidente norte-americano, o “diálogo interno” para encontrar “uma solução política para as divisões que fragmentam a sociedade venezuelana” é o “melhor caminho” para aquele país latino-americano.