Mario Draghi está a ficar “extremamente nervoso” perante a falta de progressos nas negociações entre o governo da Grécia e os representantes das instituições credoras. Fontes de dentro do BCE disseram ao jornal alemão Handelsblatt que o italiano está receoso de que caia no seu colo a responsabilidade de manter a Grécia no euro, o que pode envolver decisões contrárias ao mandato do banco central.

Draghi receia que, caso as negociações não cheguem a bom porto, seja atribuída a si a responsabilidade de ter aberto a porta de saída da zona euro à Grécia. Segundo as fontes próximas do presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano está a ficar exasperado porque acredita que está a ser desperdiçado o tempo que tem sido dado à Grécia através do aumento sucessivo dos limites ao recurso dos bancos gregos à liquidez de emergência do banco central.

Prosseguem as negociações entre a Grécia e os credores, depois de o grego Yanis Varoufakis ter dito na quarta-feira que existiu nos últimos dias uma “convergência clara” entre as partes. Os representantes dos credores continuam a dizer, publicamente, que continua a existir um longo caminho a percorrer até que possa haver um entendimento para a conclusão da avaliação e para o desbloqueio da tranche financeira que está pendente (no valor de 7,2 mil milhões de euros).

A situação que Draghi quer evitar é ver-se na obrigatoriedade de continuar a financiar os bancos gregos caso estes venham a ser considerados insolventes, o que pode ser uma consequência de uma falha de pagamentos por parte do Estado. Seria algo contrário às regras do banco central, que apenas pode ceder liquidez a instituições que sejam consideradas solventes.

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Tsipras reúne-se hoje com Merkel

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, terá um encontro bilateral com a chanceler alemã, Angela Merkel, esta quinta-feira à margem da cimeira extraordinária de líderes europeus para discutir a questão da imigração. O encontro acontece um dia antes da reunião dos ministros das Finanças do Eurogrupo, em Riga. Esta reunião dos ministros das Finanças era vista como decisiva mas a sua importância reduziu-se na semana passada, quando todas as partes declararam que, apesar de existirem progressos, seria muito improvável que essa reunião desse “luz verde” à conclusão da avaliação que está pendente.

Não há, ainda, informação sobre se a reunião entre Tsipras e Merkel irá ser concluída com uma conferência de imprensa ou, pelo menos, declarações aos jornalistas. Uma das questões a que Merkel receberá, se houver declarações aos jornalistas, será sobre a notícia de que o governo alemão tem uma equipa a trabalhar num plano que poderá ser ativado caso a Grécia falhe um reembolso de dívida pública nas próximas semanas. Segundo notícia do “Die Zeit” na semana passada, o plano tentará manter a Grécia na zona euro mesmo que haja um default na dívida.