A assembleia-geral do BPI foi suspensa antes de se iniciar a votação do fim ao limite dos direitos de voto dos acionistas. A proposta de suspensão dos trabalhos foi apresentada pelo fundador do banco, Artur Santos Silva, na qualidade de acionista, e foi aprovada por 54,74% dos votos presentes.

A reunião que irá decidir o futuro do banco será retomada no próximo dia 17 de junho, dia em que será votada a proposta de alteração dos estatutos apresentada pela holding de Isabel dos Santos, a Santoro. A empresa angolana, segunda maior acionista do BPI, queria antecipar o desfecho da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank sobre o banco português.

No final da assembleia, o presidente não executivo do BPI, Artur Santos Silva, justificou a proposta de adiamento. “Em relação à proposta apresentada pela Santoro para ser aditada na agenda da assembleia-geral – a votação da desblindagem do banco, que é uma das condições do La Caixa para validade da sua oferta – eu próprio apresentei proposta para suspensão da assembleia porque considero que os acionistas não decidirão em consciência enquanto não dispuserem de todos os esclarecimentos, [ou seja], enquanto o acionista [Caixabank] não apresentar a sua oferta e o respetivo prospeto”, afirmou.

Convicto de que este adiamento “não prejudica o BPI”, Santos Silva considera “muito mais importante” que a desblindagem só seja votada “depois do registo [da OPA estar] concluído” e autorizado pelos reguladores. “Acho muito importante que uma operação destas seja conhecida em todos os contornos pelos acionistas e pelo mercado em geral e tive garantias do executivo do Caixabank que o prazo de 17 junho acomodaria todas as vicissitudes do processo”, afirmou.

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Também o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, defendeu que a “OPA é processo de negociação entre acionistas e que não perturba a vida do banco”.

A OPA do CaixaBank tem como condição de sucesso o levantamento da blindagem dos estatutos que impede os acionistas de votar com mais de 20% do capital. A Santoro é contra a OPA do banco catalão e esperava por esta via clarificar o desfecho da oferta do CaixaBank, que poderia cair caso fosse chumbada desblindagem dos estatutos. O adiamento proposto por Santos Silva permite assim ao banco catalão, que é o principal acionista do BPI com 44%, ganhar tempo para dar força à sua oferta.

A Santoro terá votado contra o adiamento da votação da sua proposta. Citado pelo Negócios, o presidente da Santoro e administrador do BPI critica o protelamento da decisão, considerando que contribui para limitar a gestão do banco numa “conjuntura difícil”. Mário Leite Silva afastou um cenário de conciliação com a CaixaBank no quadro da OPA sobre o BPI. Isabel dos Santos propôs em alternativa que se estudasse uma fusão com o BCP, cujo maior acionista é a petrolífera estatal angolana Sonangol.

 

Atualizado às 15h35 com declarações do presidente do BPI e da Santoro