Com 52 anos, Timo Soini, líder do partido eurocético e nacionalista Os Verdadeiros Finlandeses ou simplesmente Os Finlandeses, poderá, ao que tudo indica, tornar-se o próximo ministro das Finanças do país escandinavo. E, a concretizar-se a sua nomeação, Atenas terá um adversário feroz no norte da Europa: o “urso da Finlândia”, como é conhecido, defende há muito a expulsão da Grécia do Euro.

Nas últimas eleições, em abril, o partido de Timo Soini, de quem Nigel Farage, líder do ultranacionalista Ukip, é um dos maiores aliados, conseguiu 18% dos votos e tornou-se o segundo maior partido da Finlândia. Os grande vencedores da noite eleitoral foram o Partido do Centro e o agora primeiro-ministro Juha Sipila. Mas a formação do próximo Governo finlandês vai exigir muito jogo de cintura e semanas de negociações: Sipila, conhecido pelas suas posições pró-europeias, terá de negociar uma coligação com Timo Soini e com a Coligação Nacional do ex-primeiro-ministro Alexander Stubb, o grande derrotado destas eleições.

Numa altura em que a economia da Finlândia continua em recessão, os olhos dos finlandeses viraram-se para a Grécia e para a crise da União Europeia. Timo Soini, que foi deixado de fora do último Governo pelas suas duras posições contra a participação do país no programa de assistência a Portugal, como lembra o jornal britânico Telegraph, viu aí uma janela de oportunidade e aproveitou o crescente euroceticismo para conquistar eleitorado – missão bem-sucedida, como demonstraram os resultados.

Ainda durante a campanha eleitoral, Soini chamou aos programas de resgate europeus “esquemas de pirâmide”, ao mesmo tempo que exigia a expulsão da Grécia do euro. E fez questão de deixar clara a sua oposição a um envolvimento da Finlândia num eventual terceiro programa de assistência ao país.

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Como recorda a mesma publicação, o país escandinavo apenas contribui com menos de 2% para o atual programa de resgate grego – em oposição à Alemanha que contribui com quase 30%. Ainda assim, os finlandeses acabaram por castigar o Partido da Coligação e reforçar a posição d’Os Verdadeiros Finlandeses. Depois das eleições, Timo Soini não esqueceu as promessas eleitorais e disse que ia aumentar a resistência à Grécia, caso integrasse o Governo.

“Se os Finlandeses forem para o Governo, eu acredito que as políticas finlandesas em relação à Grécia vão mudar. E vão mudar para melhor, porque não podem piorar ainda mais”, afirmou.

Mas Atenas não será a única a tremer caso o “urso da Finlândia” seja nomeado como o próximo ministro das Finanças finlandês: Timo Soini já deu mostras que quer endurecer as políticas anti-imigração do país. Mais: o líder d’Os Verdadeiros Finlandeses tem sido um duro crítico da benevolência da Europa para com os países do sul. Portugal incluído, claro.