O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu hoje que um acordo sobre o resgate financeiro da Grécia vai necessitar de “decisões difíceis” da parte das autoridades de Atenas, mas também da União Europeia.

“Um acordo credível necessitará de decisões difíceis do conjunto das partes”, sustentou o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, num blogue da instituição financeira, no dia em que uma nova ronda de negociações entre a Grécia e os seus credores internacionais terminaram sem acordo.

Há várias semanas que a Grécia e os seus credores – FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu – discutem as medidas económicas a cumprir pelo país em contrapartida do pagamento de 7,2 mil milhões de euros de uma segunda tranche do empréstimo.

A Grécia arrisca-se a entrar numa situação de incumprimento de pagamentos, uma vez que tem até 30 de junho para reembolsar 1,6 mil milhões de euros ao FMI e pode não conseguir honrar esta obrigação se os 7,2 mil milhões de euros não forem desbloqueados.

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Para Olivier Blanchard, um acordo só será possível se o partido Syriza, no poder na Grécia, aceitar reajustamentos no IVA e novos cortes nas pensões para normalizar as finanças no país, à beira da falência.

“Se as reformas não forem adotadas, a Grécia não poderá recuperar com um crescimento firme e o fardo da dívida tornar-se-á mais pesado”, advogou, reconhecendo que os eleitores gregos já rejeitaram “certas reformas” ao votarem no Syriza.

Para o economista-chefe do FMI, um acordo sobre o resgate da Grécia exigirá também um esforço suplementar dos europeus, que deverão estabelecer com Atenas um novo plano de ajuda significativa e aligeirar a dívida do país, estendendo o prazo para o pagamento do reembolso e reduzindo os juros.

O responsável do Fundo Monetário Internacional, instituição que Atenas acusa de ser intransigente, reconheceu, porém, que a equação é complicada.

“Tal como há um limite para o que a Grécia pode fazer, há um limite em termos de financiamento e de alívio da dívida que os credores estão dispostos a consentir”, afirmou.