A primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, reconheceu esta sexta-feira a derrota nas eleições legislativas, marcadas pela subida do Partido Popular Dinamarquês, formação anti-imigração que foi a segunda força mais votada. A derrota levou Helle Thorning-Schmidt a apresentar a demissão de líder do Partido Social-Democrata, que dirigiu durante dez anos.

“Amanhã [sexta-feira] direi à rainha (Margarida II) que o Governo se demite. Agora cabe a Lars Lokke Rasmussen tentar formar um Governo”, disse, numa referência ao líder do principal partido de direita, Venestre.

O líder opositor, o liberal Lars Lokke Rasmussen, perfila-se como futuro primeiro-ministro, já que conta com o apoio de toda a oposição de direita, incluindo o Partido Popular. Este bloco obteve 52,4% dos votos, quando estão contados 99% dos sufrágios. Os 90 lugares até agora obtidos pela direita, contra os 85 (47,6%) do bloco governamental de centro-esquerda, garantem-lhe a maioria absoluta.

O Partido Popular, com uma agenda anti-imigração e anti-União Europeia, teve nestas eleições o melhor resultado de sempre. É agora o segundo maior partido e quase duplicou a sua margem de apoio desde 2011. É agora bastante provável que o partido faça parte do novo Governo, com o líder do partido, Thulesen Dahl, como o novo ministro das Finanças, refere o Politico. O partido subiu quase nove pontos percentuais desde as eleições anteriores, tendo agora 21,2%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas os resultados destas eleições tiveram um lado paradoxal: em 2011, o Partido Social-Democrata de Helle Thorning-Schmidt teve o pior resultado eleitoral em 100 anos, mas ganhou as eleições. Agora, em 2015, o Partido Liberal ganhou as eleições ao liderar o bloco de centro-direita, mas perdeu 25% dos seus lugares no Parlamento. Essa quebra foi compensado pela subida dos restantes partidos da coligação, que tiveram votos suficientes para que se estabelecesse uma maioria, escreve o Politico.

O Partido Social-Democrata, da primeira-ministra Helle Thorning-Schmidt, foi a força mais votada, com 26,4% dos votos, um bom resultado depois de um Governo minoritário, muito contestado pelos cortes e por acordar reformas com a direita. Em contrapartida, o parceiro da coligação governamental, os sociais-liberais, perderam metade do apoio e obtiveram apenas 4,6% dos votos. Os socialistas populares, que abandonaram o Governo a meio da legislatura, desceram cinco pontos para 4,2%.

Os liberais de Rasmussen desceram sete pontos relativamente a 2011, passando de força mais votada para o terceiro lugar, mas mesmo assim vão liderar o novo governo.

A Lista Unitária transformou-se na quarta força mais votada, com 7,8% dos votos, e A Alternativa, uma nova formação ecologista de centro, conseguiu 4,6%. A Aliança Liberal subiu de 5% para 7,5%, enquanto o Partido Conservador, que na década de 1980 chegou a liderar vários governos, alcançou o mínimo histórico de 3,4%.

A campanha eleitoral foi dominada por temas como as reformas do Estado social e pelo desemprego, mas quando as sondagens começaram a registar uma subida do centro-esquerda, Rasmussen introduziu o tema da imigração, agora centrado no problema dos refugiados.

A imigração tem dominado as eleições dinamarquesas desde 2001, com um discurso quase radical, sobretudo em relação à minoria muçulmana, por parte do Partido Popular, discurso esse que transformou a política dinamarquesa, tornando-se no tema dominante do debate público.