O regulador do mercado chinês voltou a anunciar medidas extraordinárias para travar a hemorragia na maior bolsa do país. Os acionistas qualificados, com mais de 5% do capital de empresas cotadas, ficam proibidos de reduzir a sua posição, ou seja vender ações, durante seis meses. Esta ordem é a resposta a um novo trambolhão na bolsa de Xangai que esta quarta-feira caiu quase 6%.

O objetivo é assegurar a estabilidade do mercado de capitais, ameaçada por um “mergulho injustificável” no valor das ações, adianta a CSFC, entidade que supervisiona a bolsa chinesa.

As empresas públicas chinesas já receberam ordens para manter a sua carteira de ações em empresas cotadas e há títulos com a negociação suspensa. Foram igualmente canceladas ofertas de novas ações no mercado e introduzidos limites às transações por parte de investidores estrangeiros. É o décimo dia seguido de intervenção nos mercados financeiros, passos que até agora só fizeram aumentar ainda mais a desconfiança dos investidores, ao invés de os tranquilizar.

O pacote de estímulo aos mercados procura contrariar aquilo que as autoridades apelidam de venda irracional, mas há quem alerte para a existência de uma bolha especulativa nas bolsas chinesas de Xangai e de Shenzen, onde estão cotadas as ações tecnológicas, numa economia que está a arrefecer.

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Entre as medidas já adotadas estão ainda o financiamento de 42 mil milhões de dólares às corretoras para comprarem ações de empresas chave, o congelamento da transação de metade das empresas cotadas e a permissão dada aos investidores para usarem a habitação como garantia dos investimentos feitos na bolsa. O corte das taxas de juro, a desvalorização do yuan e um plano de investimentos em infraestruturas, são outras iniciativas para animar a economia chinesa.

De acordo com o Bespoke Investment Group, os mercados acionistas chineses já perderam 3,25 biliões de dólares (três biliões de euros), o que é mais do que a capitalização da bolsa francesa.

O recente desempenho negativo do Xangai Composite está fazer soar os alarmes entre os investidores de todo o mundo, que estão com as atenções voltadas para a situação de impasse que se vive na Grécia, e os especialistas já avisaram que a derrocada da bolsa chinesa vai ter um impacto muito superior a nível global quando comparada com a situação grega, cuja economia vale apenas 2% da zona euro, seja qual for o desfecho da mesma.

Esta opinião é partilhada por vários economistas chineses consultados pela Bloomberg, que consideram difícil estabelecer um paralelo entre o ‘sobe e desce’ da bolsa e a economia real chinesa.

Com a crescente abertura das fronteiras da China ao capital estrangeiro, o desempenho das ações chinesas têm cada vez mais impacto nos investidores desde Londres a Nova Iorque e Tóquio. Mas essas repercussões estão numa linha de horizonte temporal muito mais afastada do que as preocupações imediatas com a Grécia, referem os especialistas.